Sorvo um gole de chá. Fecho os olhos. Aí o meu sangue “mouro” faz-me sonhar. Recuar à minha infância. Quando eu sonhava ser como os heróis dos meus livros de banda desenhada. Sonhava com as areias do Sara. Cavalgando o meu “puro-sangue árabe” no meio do deserto. Brandindo a minha cimitarra contra os “infiéis” para salvar a minha princesa. E depois partíamos a trote para descansarmos à sombra de um palmeiral, de um oásis qualquer, no meio do deserto. Depois deitávamo-nos a ver o pôr do sol, escondendo-se entre a folhagem de uma palmeira. Uma enorme bola alaranjada desmaiando no horizonte. Então a noite cai. E com ela as estrelas descem do céu para iluminar os nossos corações.
Um verdadeiro cenário cinematográfico. Razão tinha o santo que emprestou o seu nome a esta vila, o profeta Abou Said idn Khalef ibn Yahia Ettamini el Beji. Este horizonte potencia a reflexão, promovendo a vida em toda a sua plenitude.
Viajar deu-me, entre outras coisas, a possibilidade de construir um mundo. Nem melhor nem pior que outros que conheço, apenas um mundo. À medida da minha imaginação. E dos meus sonhos.
O nome da vila?
Sidi Bou Said, Tunísia, tarde de 22 de Agosto de 2006.