Fugas - dicas dos leitores

  • Beirute
    Beirute
  • Byblos
    Byblos
  • Beit Eddine
    Beit Eddine

Beirute, “Suíça do Oriente”

Por Maria Clara Costa

Hoje o Líbano, por dois motivos, bailou-me na memória. Primeiro porque acabou de entrar na minha família, por afinidade, um primo libanês.

Segundo porque na minha recente ida ao Dubai e Abu Dhabi adquiri o livro From Rags to Riches, onde o autor conta que em 1963, sua primeira viagem a países fora do Golfo, visitou o Líbano, que ele descreve:

“… nós voámos para o Bahrein e depois para Beirute. Fiquei espantado com Beirute. Nunca tinha visto montanhas, nem nada verdejante, e o tempo estava fabuloso. Quando saímos de Abu Dhabi fazia muito calor, mas o ar em Beirute estava fresco, claro e refrescante. O movimento e a azáfama desta vibrante cidade, com lindos hotéis e edifícios históricos, fizeram-me parar a respiração.”

Beirute em 2001 não me parou a respiração, mas, tendo eu saído de Damasco, onde a riqueza arquitectónica e histórica estava carregada de misticismo oriental, o choque também foi grande. Tive a sensação de que fechei os olhos na Síria e quando os abri estava numa qualquer cidade europeia à beira-mar plantada. Havia modernos centros comerciais, comércio de qualidade e na marginal muita gente desempoeirada a fazer caminhadas e footing bem ao estilo ocidental. Quase nada indicava que tinham saído, há 11 anos apenas, de uma devastadora guerra civil.

Eu e uma amiga saímos de Damasco de táxi, acompanhadas por uma guia e motorista enviados de Beirute. Depois de passarmos a fronteira, admirando a diferente paisagem, parámos em Beit Eddine para visitar o palácio, de arquitectura libanesa, mandado construir pelo emir Bechir el-Chehab II nos princípios do século XIX, com uma decoração interior majestosa e toda a área envolvente muito bem cuidada e florida. Continuando para Beirute, numa esplanada à beira da estrada, almoçámos com a guia, o motorista e uma mexicana que apareceu, vinda do Irão com destino a Damasco.

Finalmente chegados à capital, ainda tivemos tempo para percorrer algumas ruas cheias de gente, passear à beira-mar e apreciar a agitação nocturna. No dia seguinte, após termos subido uma longa e íngreme escadaria, tivemos o privilégio de chegar aos pés de Harissa, a Lady de Beirute, e desfrutar de uma magnífica vista sobre a cidade. Também visitámos o Museu Nacional, onde vi e revi tudo o que me transportou a tempos remotos. De seguida partimos para Byblos, uma das cidades habitadas mais antigas da humanidade. Percorremos o Castelo dos Cruzados construído no século XII, admirámos o seu porto e refrescámo-nos com a suave brisa vinda do Mediterrâneo, onde a cidade se debruça.

O dia seguinte foi de regresso a Damasco e no caminho visitámos Baalbeck. Aqui pudemos abraçar e apreciar a grandiosidade das ruínas romanas. Os templos de Vénus, de Júpiter e de Baco, ficaram registados na memória e nas fotografias que hoje me ajudaram a reviver uma viagem que foi curta, mas didáctica e deveras gratificante.  

--%>