Fugas - dicas dos leitores

Vício de viajar

Por Nuno Lopes

Desde que participei num intercâmbio, em 2010, que me surgiu um ímpeto e uma necessidade constante de viajar e hoje considero-me um autêntico viciado em viagens.

Para mim, viajar é muito mais do que um pretexto para gastar dinheiro e passear, é adquirir experiência, independência e autonomia, é assimilar toda uma cultura, o quotidiano, a gastronomia, a língua e a história de um povo, é aproveitar tudo isto para nos tornarmos em alguém melhor e consciente do mundo que nos rodeia. A realização pessoal que sinto no final de cada aventura é o que me faz querer voltar a partir para o desconhecido o quanto antes.

Tendo em conta o meu estatuto de estudante universitário a tempo inteiro, este não é dos melhores vícios que se possa ter. No entanto, desengane-se quem pensa que gasto mais em viagens do que um viciado em tabaco. Na verdade, sou capaz de gastar num ano o que um tabagista gasta em apenas um mês.

Regra geral, tenho que viajar para o estrangeiro pelo menos uma vez por ano. Desde o intercâmbio de uma semana em Madrid, completamente financiado pelo programa Comenius da União Europeia, já visitei Roma (2011), o Sul da Alemanha (2012), Milão e Veneza (2013), tudo por conta própria, com um orçamento máximo de 250€ e em estadias entre três e cinco dias. Ora vamos lá ver como é que eu faço isto.

Antes de mais temos que aceitar que para poupar dinheiro teremos que abdicar de algumas regalias. Assim que o aceitarmos, o reduzido espaço para as pernas oferecido pela Ryanaire a moderada invasão de privacidade nos hostels parecem pequenos sacrifícios para o prazer de ler uma nova página do Atlas, de descobrir novos limites pessoais e de explorar diferentes realidades. 

À medida que viajamos, aguçamos a capacidade de pesquisa, percebemos que existem outras formas de poupar dinheiro, estratégias para que a roupa de uma semana caiba numa mala de cabine, descobrimos o timing perfeito para reservar voos e todas as nossas qualidades são apuradas nesse sentido – o que indispensável para permitir a continuidade do vício.

Quanto ao futuro, parto brevemente para uma estadia de quatro dias em Londres. Depois disso, se conseguir continuar a viajar pelo menos uma vez por ano fico satisfeito. Caso contrário, não sei se hei-de chorar, entrar em depressão, cortar os pulsos ou tudo em simultâneo: o meu vício é viajar e é a única coisa capaz de estabilizar os meus níveis de “nicotina”.

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Pode seguir as viagens de Nuno Lopes em http://punquie.wix.com/journeybook

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