Fugas - dicas dos leitores

Mergulhar com o azul

Por Carina Padilha (texto e fotos)

A localização excepcional dos Açores possibilita um sem fim de actividades, mas o objectivo desta viagem, planeada há meses, é o mergulho com o tubarão-azul, vulgarmente conhecido como tintureira, devido à sua coloração azul-escuro no dorso, azul-claro nos flancos.

O dia começa bem cedo, a viagem até ao banco submarino Açor leva o seu tempo e há ainda que preparar todo o equipamento. O Açor fica sensivelmente a 25 milhas da ilha do Faial. Para quem aprecia um passeio de barco, não é muito tempo, as magníficas paisagens e a frequente companhia dos golfinhos e gaivotas não deixam o relógio contar.

Esta é uma actividade em franca expansão, o arquipélago é o único local da Europa onde é possível efectuar esta actividade. Os turistas são principalmente alemães, polacos e austríacos.

Chegados ao local, há todo um procedimento a seguir até que os tubarões sejam avistados. O “azul” é o tubarão mais abundante a nível mundial e é considerado o maior migrador entre os tubarões, devido às suas travessias transatlânticas associadas à alimentação. O briefing é feito em Inglês, porque a bordo estão apenas dois portugueses, neste caso duas, eu e a minha buddy. “Há poucas mulheres a quererem mergulhar com tubarões”, ouve-se no barco.

Estou completamente à vontade, apesar de ser a minha primeira experiência com tubarões. Foram-me explicados todos os procedimentos, a experiência e o profissionalismo do Norberto Diver não deixam margem para receio. A segurança é sempre a prioridade mas a diversão não é esquecida. Todos, sem excepção, desempenham o seu papel de forma irrepreensível, mas sempre com uma atitude e energia muito positiva.

A descida é efectuada pelo cabo, colocado propositadamente para guiar os mergulhadores. O limite do mergulho são os 15 metros. Mas não é necessário descer tanto, os tubarões são muito curiosos e vêm logo ao nosso encontro, à semelhança de um cão a farejar as visitas lá de casa. “Se estivermos à superfície eles estão à superfície!”, foi-me dito antes da descida.

O mergulho é sempre acompanhado pelo guia, que monitoriza todos os mergulhadores. No barco está o skipper, para auxiliar as entradas e saídas.

É obrigatório mantermo-nos próximos do cabo, não podemos esquecer que estamos no “azul”, e o entusiamo pode levar-nos para longe rapidamente.

A agilidade daquele corpo esguio prende o olhar a cada movimento. O tubarão- azul possui um focinho longo e pontudo, os olhos grandes e redondos estão cheios de curiosidade. O azul atlântico torna o encontro ainda mais especial, é um azul-escuro muito límpido, com grande visibilidade, e a temperatura da água é amena, sempre acima de 20ºC.

A admiração e fascínio por estes animais, associados a toda a adrenalina, fazem esquecer o tempo. Depois de muitas fotografias, filmes e várias interacções, regresso ao barco, com uma história para contar.

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