Fugas - dicas dos leitores

As ilhas gregas para festejar 50 anos

Por Helder Taveira (texto e foto)

Há muito tempo que fazer um cruzeiro por algumas das ilhas gregas fazia parte dos meus planos. A Grécia possui cerca de 3000 ilhas das quais apenas 227 são habitadas. Nada melhor para festejar os meus 50 anos.

Iniciámos o percurso em Veneza e aproveitámos para revisitar esta bela cidade. Chegámos ao hotel num pequeno barco a motor, percorrendo assim parte do Grande Canal, no que pareceu à minha filha e sobrinhos uma cena dos filmes de James Bond.

Pensei entrar na Basílica de São Marcos, pois da primeira vez que tinha estado em Veneza não tinha conseguido, tal era a avalanche de turistas. Mas mais uma vez não conseguimos, tal era a fila de turistas. Fomos então visitar o Palácio Ducal, sede do poder da antiga Veneza. Aí atravessámos a ponte dos suspiros, assim chamada pelo facto de ser o local de passagem dos condenados à morte a caminho do cadafalso.

Pela tardinha, já no barco que seria a nossa casa durante uma semana, saímos de Veneza. O primeiro ponto de paragem foi Bari. A cidade não nos seduziu e optámos por fazer uma excursão de autocarro a Alberobelo. Uma cidade património da Humanidade da UNESCO, onde as casas (trulli) são a principal atracção.

Os trulli (de trullo, do grego cúpula) são antigas construções de pedra, com telhados cónicos. São moradias clássicas da região da Puglia, no sul da Itália, construídas a partir de uma tradição milenar e seguem um simples mas funcional esquema de planta circular.

Acredita-se que antigamente os trulli eram utilizados para iludir a cobrança de impostos sobre as casas. Ao aproximarem-se os cobradores dos impostos, os tectos podiam ser facilmente desmontados com a retirada da pedra-chave do topo, fazendo uma casa passar por um depósito ou construção abandonada, sendo depois prontamente reconstruída.

Seguiu-se Corfú, a segunda maior cidade grega das Ilhas Jónicas. Ao largo, visível a costa da Albânia. Passámos pela baía de Paleokastritsa, famosa pelas suas águas cristalinas e pelo mosteiro fundado em 1226

O centro antigo de Corfú é Património Mundial da UNESCO. A famosa splanada, uma das maiores praças da Europa, o elegante Liston, cujo acesso no passado só era permitida à aristocracia de Corfú, são sem dúvida locais a visitar.

No dia seguinte já estávamos ancorados ao largo da ilha de Mykonos, para onde nos dirigimos de lancha. Segundo a mitologia grega, Mykonos é filho de Apolo. Quem conhece as ilhas açorianas fica um pouco desolado com a escassez de vegetação. Contudo, o seu aspecto pitoresco, as vielas cheias de buganvílias, os seus moinhos de vento fazem da ilha um local aprazível. O banho no mar Egeu da praia do Paraíso foi inesquecível. Água a 28 graus, mar cristalino e cheio de peixes fizeram a alegria de todos nós.

Com muita pena do meu irmão, não tivemos tempo de ir à ilha de Delos, mesmo ao lado de Mykonos. Delos foi declarada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1990. Segundo a mitologia grega, foi nessa ilha que nasceu Apolo. Regressados ao barco, foi deslumbrante o pôr-do-sol.

No dia seguinte, depois de percorrermos 90 milhas náuticas, esperávamos já a ilha de Santorini. Na subida, de teleférico ou de burro, optámos pelos burros, que nos carregaram sem protestar. A subida era íngreme e longa, pelo que me senti culpado em cima do burrito, que certamente sofreria de cansaço e com o calor sufocante. Lá do alto, a paisagem é de cortar o fôlego. A calmaria do mar Egeu, sem qualquer ondulação, fazia lembrar um lago adormecido.

Nesta ilha ocorreu uma das maiores erupções vulcânicas da história, há cerca de 3600 anos no auge da civilização minóica. Segundo a lenda, seria aqui a desaparecida Atlântida.

A última paragem foi na Croácia, concretamente em Dubrovnik, “pérola do Adriático”. A parte velha da cidade, Património da UNESCO, vista do alto é sem dúvida um espectáculo a não perder. Aí foi filmada parte da série A Guerra dos Tronos, que tem levado ao aumento de turistas.

Em Dubrovnik é possível entrar na mais antiga farmácia de Europa, ainda aberta e que data do ano de 1317.

Depois da porta de Pile, entramos na rua principal, conhecida como “Stradun”, e seguiu-se o mosteiro dos dominicanos, onde pudemos admirar a mais refinada colecção de pintura do Renascimento.

A viagem chegava rapidamente ao fim com o regresso a Veneza, entrando pelo Grande Canal. Embora haja muitos críticos ao facto de os navios de cruzeiro entrarem no Grande Canal (a partir de 2016, tal deverá deixar de ser possível), a entrada em Veneza vista lá do alto é inesquecível.

Quanto à boa vida no barco, isso são contas de outro rosário.

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