Iniciámos o percurso em Veneza e aproveitámos para revisitar esta bela cidade. Chegámos ao hotel num pequeno barco a motor, percorrendo assim parte do Grande Canal, no que pareceu à minha filha e sobrinhos uma cena dos filmes de James Bond.
Pensei entrar na Basílica de São Marcos, pois da primeira vez que tinha estado em Veneza não tinha conseguido, tal era a avalanche de turistas. Mas mais uma vez não conseguimos, tal era a fila de turistas. Fomos então visitar o Palácio Ducal, sede do poder da antiga Veneza. Aí atravessámos a ponte dos suspiros, assim chamada pelo facto de ser o local de passagem dos condenados à morte a caminho do cadafalso.
Pela tardinha, já no barco que seria a nossa casa durante uma semana, saímos de Veneza. O primeiro ponto de paragem foi Bari. A cidade não nos seduziu e optámos por fazer uma excursão de autocarro a Alberobelo. Uma cidade património da Humanidade da UNESCO, onde as casas (trulli) são a principal atracção.
Os trulli (de trullo, do grego cúpula) são antigas construções de pedra, com telhados cónicos. São moradias clássicas da região da Puglia, no sul da Itália, construídas a partir de uma tradição milenar e seguem um simples mas funcional esquema de planta circular.
Acredita-se que antigamente os trulli eram utilizados para iludir a cobrança de impostos sobre as casas. Ao aproximarem-se os cobradores dos impostos, os tectos podiam ser facilmente desmontados com a retirada da pedra-chave do topo, fazendo uma casa passar por um depósito ou construção abandonada, sendo depois prontamente reconstruída.
Seguiu-se Corfú, a segunda maior cidade grega das Ilhas Jónicas. Ao largo, visível a costa da Albânia. Passámos pela baía de Paleokastritsa, famosa pelas suas águas cristalinas e pelo mosteiro fundado em 1226
O centro antigo de Corfú é Património Mundial da UNESCO. A famosa splanada, uma das maiores praças da Europa, o elegante Liston, cujo acesso no passado só era permitida à aristocracia de Corfú, são sem dúvida locais a visitar.
No dia seguinte já estávamos ancorados ao largo da ilha de Mykonos, para onde nos dirigimos de lancha. Segundo a mitologia grega, Mykonos é filho de Apolo. Quem conhece as ilhas açorianas fica um pouco desolado com a escassez de vegetação. Contudo, o seu aspecto pitoresco, as vielas cheias de buganvílias, os seus moinhos de vento fazem da ilha um local aprazível. O banho no mar Egeu da praia do Paraíso foi inesquecível. Água a 28 graus, mar cristalino e cheio de peixes fizeram a alegria de todos nós.
Com muita pena do meu irmão, não tivemos tempo de ir à ilha de Delos, mesmo ao lado de Mykonos. Delos foi declarada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em 1990. Segundo a mitologia grega, foi nessa ilha que nasceu Apolo. Regressados ao barco, foi deslumbrante o pôr-do-sol.
No dia seguinte, depois de percorrermos 90 milhas náuticas, esperávamos já a ilha de Santorini. Na subida, de teleférico ou de burro, optámos pelos burros, que nos carregaram sem protestar. A subida era íngreme e longa, pelo que me senti culpado em cima do burrito, que certamente sofreria de cansaço e com o calor sufocante. Lá do alto, a paisagem é de cortar o fôlego. A calmaria do mar Egeu, sem qualquer ondulação, fazia lembrar um lago adormecido.