Vinte e quatro horas inesquecíveis em Santiago e em que se tentou vivê-las da melhor forma até ao último minuto, até à última gota! Absorvendo cheiros, cores e sons.
Observando o maior número de pormenores possível (recordo-me neste instante das duas peregrinas louras, simpatiquíssimas, de tranças e nos seus mais de sessenta anos ou do senhor que tomava o pequeno-almoço numa das belas esplanadas do centro, saboreando o momento em que recolhia notas num pequenino caderno que, seguramente, estaria recheado de outras viagens).
Dormimos maravilhosamente, a poucos metros da catedral (Apartamentos Cruceiro do Galo), comemos tapas deliciosas, apetitosas e irresistíveis na Taberna do Bispo e nas Tapas do Cardeal, ambas na Rua do Franco (a não perder de jeito nenhum).
O abraço a Santiago (como milhares de outras pessoas terão feito ao longo dos séculos) e calcando as mesmas mármores do templo já encurvadas sob o peso de milhões de passos peregrinos); o feitiço da gaita-de-foles ou das duas vozes masculinas que cantavam o tema do Adagio do célebre Concerto de Joaquin Rodrigo, sons que nos puxavam para si no túnel do lado norte da catedral; o cheirinho da lavanda (as flores que resistem ao longo de toda a rua onde se situava o nosso alojamento); o artista que se dizia oriundo da Macedónia, protagonista de um espectáculo de rua hilariante na praça de Platerias (sul da catedral); e o lindo jardinzinho da bela Praza de Fonseca, onde um fotógrafo esperava pacientemente os clientes que lhe pedissem uma foto à antiga (ainda lá deve estar no seu banco-casa onde estende livros e jornais para passar melhor o tempo do seu longo dia - ele próprio modelo para um artista de retratos)... são algumas das muitas imagens que couberam num só dia e que espero guardar num cantinho da minha memória para sempre.
Santiago aqui tão perto...uma magnífica cidade. Daquelas que visitar uma vez é nada e duas ainda é pouco!