1.
O meu bairro
O meu bairro é quieto e animado, e tem espaço e pessoas e vida e silêncio. No meu bairro há restaurantes de todos os continentes, mercados de fim-de-semana, e mercearias pequenas. Há bares e cafés caros e baratos, e o meu cinema e sala de espectáculos preferidos. Temos uma biblioteca e uma livraria fantásticas, e uma loja de super-heróis. No meu bairro há um parque e muitas bicicletas, e um cão mascarado de Ira Glass — o locutor de rádio — para o Halloween.
2.
Parques
Os parques da minha cidade têm vida e luz e espaço. Os parques da minha cidade são meus. No parque do meu bairro há colinas e cães e tai chi, há ténis e basquete e crianças. Há espaço para os meus livros e desenhos, sestas e corridas. No parque do meu bairro compro maçãs e ovos ao fim-de-semana, e as pessoas sorriem enquanto passeiam cães e canecas de café.
3.
WNYC
Duas vezes por ano a WNYC — a minha estação de rádio local — faz campanha para angariar novos e velhos membros que façam doações mensais. Duas vezes por ano sou lembrada de que os muitos programas de que gosto saem da minha telefonia quer eu pague quer não. Duas vezes por ano renovo a minha doação mensal, porque é assim que se faz rádio de qualidade e, como me lembram também, a responsabilidade é minha.
4.
O metro
O metro da minha cidade é grande e barulhento e funciona noite e dia. As estações são sujas e os ratos fazem-nos companhia. Mas há músicos e poetas, e gente que sorri. Há pessoas a dançar, e outras a oferecerem-se para guiar a minha conversão a qualquer religião imaginável. Há poesia em cartazes. Há constantes alterações ao serviço regular, e os avisos autifalados são incompreensíveis. Talvez afinal este metro hoje vá para outro lado. Mas a qualquer hora do dia ou da noite posso ser levada a qualquer ponto da cidade, e o Corto Maltese haveria de gostar.
5.
NYC marathon
No domingo corri a maratona de NYC. E em todos os bocadinhos do percurso fui animada por estranhos que puxaram por mim. Também tive amigos comigo, ambos no percurso e online, e é bom. Mas é bonito e comovente ver estranhos a animar estranhos, só porque sim.
