Fugas - dicas dos leitores

Irão, 7000 anos de história

Por Maria Clara Costa

Há sonhos que nunca se realizam e se esquecem, há outros que, parecendo utopia, acabam por se realizar. Foi o caso de um sonho de há 20 anos: visitar o Irão! Finalmente, surgiu a oportunidade e partimos para Teerão, sua capital.

Uma agradável surpresa, os palácios onde viveu o Xá (Shah Mohammad Reza Pahlavi) com Soraya e, mais tarde, com Farah Diba. Tempos gloriosos de festas, pompa e circunstância, que chegavam até nós pela comunicação social, como o nascimento dos filhos e as cerimónias da coroação em 1967.

Agora, estar nos seus aposentos, ver os fatos que vestiam, os quartos onde dormiam, causa uma estranha sensação de retorno. Passámos ao Museu Arqueológico e ao Museu da Cerâmica e do Vidro e voltei a tempos remotos através de preciosas peças que trouxe comigo na lembrança e em registo digital.

Segue-se a visita ao Palácio Golestan, que me deixou “vidrada” com tanto vidro, tanto espelho, luz e beleza que não dá para contar! E depois, o mais espantoso, para além das mesquitas de fantástica decoração, cor e arquitectura, o Museu Nacional de Joalharia, considerado o mais valioso do mundo! As suas jóias fazem parar a respiração e volta-me à memória a faustosa coroação do Shah e Farah Diba.

Despedi-me de Teerão ao partirmos para Shiraz, com paragem em Kashan, Isfahan, Nain, Yazd e Abarqu. Mais história, mais mesquitas, palácios, museus e até uma catedral arménia e um caravançarai (hospedagem gratuita de caravanas). No percurso, registei os locais visitados que mais me impressionaram: a Torre do Silêncio, de culto Zoroástrico, onde depositavam os cadáveres para serem devorados por abutres, evitando a contaminação dos três elementos sagrados: terra, água e fogo. O Templo do Fogo, onde este permanece aceso, como representação do bem, desde 470a.C.

O Cipreste com o mínimo de 4.000 anos. E Naqsh-e Jahan, a segunda maior Praça do mundo, protegida pela Unesco pelo seu valor histórico e arquitectónico. Nela se encontram as Mesquitas Sheikh Lotf-ollah e Masjid-e Emam, uma maravilha do mundo islâmico, com portal e minaretes revestidos de faiança esmaltada em luminosos tons de azul-turquesa e também o Palácio Ali Qapu, com uma incrível Sala de Música.

E chegámos a Shiraz, a cidade das rosas e dos poetas, onde me deixei envolver pelo colorido e beleza das mesquitas Vakil; Shah-e Cheragh; Nasir al-Mulk e por Pasargadae, fundada por Cyrus II, O Grande, onde apreciei e meditei na presença do seu Mausoléu e daquelas ruínas, testemunhas de um passado glorioso.

Visitámos outra jóia da história traniana, Persepolis, fundada pelo Rei dos Reis, Dario I, e um dos mais importantes locais arqueológicos do mundo. Emociona entrar nas ruínas de Apadana, reservadas a reuniões com os grandes da sua corte, assim como subir as escadarias decoradas com figuras em baixos-relevos, representando diversos povos que revelam a história deste local, Património da Humanidade. E seguimos para Naqsh-e Rustan, a imponente necrópole dos Aqueménidas, que lembra Petra (Jordânia) e agora passam a residir juntas na minha memória.

O sonho realizou-se, superando expectativas. Não contava com a alta temperatura humana, que me fez sentir entre amigos. Será que usufruímos do prestígio do Ronaldo e Carlos Queiroz? Nunca o saberei. Apenas sei que me encantaram a história e a gente deste país!

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