Pouco tempo falta para o avião descolar. O meu olhar lá para fora desperta em mim um vazio. Um vazio por preencher com as experiências que me esperam.
Num instante estávamos a voar, atravessámos Portugal até norte e o Golfo da Biscaia; sobrevoámos Nantes com visibilidade e Paris com nuvens. Iniciámos a descida e despedi-me do céu limpo. Com o primeiro pé no chão parecia que um raio me atingia. Partilhei-o com o meu amigo.
Desembarcámos no Aeroporto de Dusseldorf Weeze e à nossa espera tínhamos os nossos amigos. Fomos convidados para ficar no Schloss Hotel, em Westerholt – Herten. Localidade que faz parte da Renânia do Norte-Vestfália, um dos 16 estados que dividem a Alemanha. Fronteira com Holanda e Bélgica, por cá vivem cidades como Colónia, Düsseldorf, a capital, Dortmund, Essen, Münster e Bielefeld.
Este hotel, antigo castelo com os primeiros documentos da área de 1193, para além de ter um fosso à sua volta, foi construído nos arredores da floresta Westerholter, que ainda hoje se mantém em grande parte. Ainda assim, os vários campos de golfe atingiram sensivelmente a área. Passear entre os trilhos que cruzam a imensa vegetação é, sem dúvida, uma opção a não desperdiçar. Nesta altura do ano, as árvores, altas e de tronco fino, estão nuas e a terra está coberta de folhas secas amareladas. A humidade no ar e o cheiro a natureza são apetecíveis, com o frio que queima o rosto e obriga a ter as mãos nos bolsos. De vez em quando mudava de perspectiva e apontava o olhar para o topo das árvores. Parecia que tocavam nas nuvens baixas que escondiam o sol todo o dia.
Todos os quartos do hotel têm janelas para um campo verde incrível e sem fim, mesmo não sendo Verão, quando o céu está limpo e a luz dá vida a cada canto à sombra. As modernas condições que o hotel oferece não entram em conflito com o estilo clássico. Aliás, o ambiente por cá consegue preservar muitíssimo bem a ideia de um antigo castelo. A óptima gastronomia alemã servida no restaurante, o antigo estábulo, foi-me confortando imenso. A sopa de abóbora, o javali e as batatas assadas no forno.
Os nossos amigos jovens mostraram-nos as redondezas e muitos dos mercados de Natal para conhecer a tradição desta época. As salsichas gigantes em pequenas carcaças e as mais variadas cervejas, o vinho quente e o artesanato local. O espírito natalício como nunca antes tinha visto, o convívio nas ruas, ainda que com um frio imenso entre as casinhas de madeira à volta da igreja. Um povo que me surpreendeu muito pela simpatia e acolhimento.