Fugas - dicas dos leitores

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A pé pelas ruas de Praga

Mas o encanto do passeio não é apenas este. A paisagem envolvente é deslumbrante, devido sobretudo à beleza exterior do Castelo de Praga, que domina a capital na margem esquerda do Moldava no cimo da colina de Hradcany, local onde foi fundada a cidade. Mais para a direita vislumbram-se ainda as torres da maior igreja jesuíta de Praga: a igreja de S. Nicolau Lesser. Os vendedores de recordações começam a instalar as suas bancas. No ar ouve-se a sinfonia n.º 9 de Devorak a julgar pelo CD na mão do vendedor. Antoni Devorak, célebre compositor e filho dilecto da Boémia, está para os checos como Mozart está para os austríacos.

Eis-nos chegados à estátua de São João Nepomuceno, onde há um ritual a executar. Reza a história que corria o ano de 1383 e João Nepomuceno detinha o cargo clerical de confessor oficial da rainha Sofia, esposa de Venceslau IV, rei da Boémia. Certo dia, ao recusar revelar ao rei os conteúdos das confissões da rainha, este condenou-o à morte, mandando o seu corpo ao rio Moldava neste preciso local, mesmo à beira da ponte e onde se encontra a estátua. Junto à estátua está uma cruz de latão com cinco estrelas e reza a lenda que quem tocar com as mãos nela trará de volta para casa um pouco da sorte de Praga. Pelo sim pelo não, tocámos os três lá com as mãos. A Ana, a Andreia e depois eu. Não acreditamos em bruxas, mas que as há…lá isso há.

Dez horas da manhã, chegamos ao fim da ponte, mesmo junto à placa metálica que diz “Karluv most”. Mesmo perto das duas torres góticas de Malostranské mostecké vež. Foi para aí meia hora a pé a fazer a coisa. O sol aquece, a sede desperta. A canseira é mais que muita. E a fome, leia-se gula, a julgar pelo meu estômago, está desvairada. Talvez devido ao delicioso cheiro a bolinhos que vem da padaria Krusta, situada no fim da ponte, do lado direito, mesmo ao lado do Hotel Restaurace U Tri Pštrosu. Se não deram com ele pela morada dão de certeza com ele pelo cheirinho que paira no ar a trdlo, o delicioso pão doce das ruas de Praga.

Sentamo-nos à sombra de um toldo, a degustar deliciosos trdlo com misturas doces e salgadas em simultâneo, empurrados pela goela abaixo com um não menos delicioso cappuccino. O dolce far niente tem destes efeitos em mim: às vezes preciso de não fazer nada para conseguir fazer tudo. É que eu tenho de colocar as ideias por escrito no meu diário. Se possível com um trdlo

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