Poucos meses foram necessários para descobrir que a dinâmica da restauração de Roma é muito diferente daquela a que eu estava habituada em Lisboa. Os circuitos diários de quem vive em Roma são muito diferentes dos circuitos dos turistas. É possivelmente por esta razão que em Roma, muitas vezes, a qualidade de um restaurante ou trattoria pode ser considerada directamente proporcional à distância do centro histórico.
Muitos dos meus locais preferidos para comer são mais afastados do centro, logo, em bairros menos frequentados por turistas, e necessitam de marcação prévia. São, também por isso, uma boa oportunidade para conhecer a cidade do ponto de vista de quem nela vive e de sair um pouco das rotas dos guias turísticos (e possivelmente sofrer alguns dos horrores proporcionados pelo já famoso sistema de transportes da capital, que mais tarde darão óptimas histórias de viagem para contar).
Meses de pesquisa para o meu blogue de cozinha, conselhos de amigos entendidos e algumas decepções depois. posso afirmar que as minhas actuais trattorias favoritas em Roma são o Cesare al Casaletto, a Trattoria da Teo, em Trastevere, e Flavio al Velavevodetto, no bairro de Testaccio.
Em todas as trattorias mencionadas é possível experimentar os típicos pratos da cozinha romana, incluindo a Santíssima Trindade da pasta, a carbonara, a cacio Pepe e a amatriciana.
Para os fãs incondicionais da pizza existe o Pizzarium, do famoso Bonci, que está para os foodies como o Vaticano está para os católicos. Foi devidamente imortalizado pelo famoso Anthony Bourdain no programa The Layover Rome pela qualidade da massa e combinações particulares de ingredientes de altíssima qualidade, daí o quase escandaloso preço por uns rectângulos de pizza. A pizzaria Da Remo, em Testaccio, é um sítio tipicamente romano e caótico, onde servem uma pizza feita em forno de lenha, fina e crocante, a preços muito acessíveis.
Finalmente, aquela que é a minha pizzaria de eleição, a Gatta Mangiona, no Casaletto, onde o menu e as especialidades do dia são escritas à mão numa ardósia pouco cómoda para tomar uma decisão. A pizza que servem também é feita em forno de lenha, com uma massa ligeiramente mais alta em relação à pizza Romana, ingredientes de alta qualidade e combinações menos usuais.
Numa ida a uma pizzaria em Roma a refeição deve ser iniciada com a degustação de um supplì. O supplì é um croquete frito feito com risotto de molho de tomate e carne. No interior contém um pedaço de mozzarela, que, quando partido em dois, deve fazer o típico efeito elástico de queijo fundido, chamado pelos italianos efeito do telefone.
Tal como eu, há alguns anos como turista em Roma, muita gente não chega a descobrir a verdadeira comida romana. Espero que este testemunho ajude a melhorar a experiência gastronómica de muita gente por cá.
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