Fugas - dicas dos leitores

Maria João Gala

Descobrir Vila do Conde

Por Ademar Costa

Vila do Conde concentra a maior comunidade piscatória portuguesa. Com a entrada de Portugal na Comunidade Europeia, a pesca tradicional naufragou, não tendo os sucessivos governos poderes para alterar a situação.

O lugar das Caxinas chora os seus pescadores desaparecidos. A Igreja do Nosso Senhor dos Navegantes, em forma de barco, simboliza a resistência dos pescadores. Ali se choram os que partem, ali se pede o regresso dos que vão ao mar buscar o sustento da casa. O Memorial aos Náufragos, da autoria de Maia Gomes, perpetua a memória dos pescadores vilacondenses tragados pelo mar.

Vila do Conde não abraça a máxima “amores de praia enterram-se na areia”! A Feira dos Namorados (Feira dos Vinte) eleva a colher de pau, adornada a preceito, como mensageira do amor. A Casa de José Régio alberga o espólio literário do autor de Poemas de Deus e do Diabo. O Farol da Memória, a Igreja do Convento de Santa Clara, a Igreja Matriz ,o Forte de São João Baptista e a Azenha tradicional na margem esquerda do Ave merecem contemplação. O Centro de Memória acolheu o Arquivo Municipal, o Gabinete de Arqueologia e o Núcleo Central do Museu.

Para percorrer tão bonito concelho a comida não pode faltar! O Restaurante Ramon serve bacalhau à Ramon, caldeirada de lulas e um tentacular polvo grelhado. O restaurante A Posta do Conde convida a um arroz de pato, rojões de porco preto e bacalhau lascado com grelos e broa.A doçaria conventual é conhecida nos sete cantos do mundo! Os beijos de freira, o folar doce, os sonhos, o travesseiro de noiva e a rosca de pão doce fazem da terra que viu nascer José Régio um eterno poema. A Pastelaria Santa Clara apresenta os pastéis de amêndoa, de chila e de feijão. A freguesia de Azurara alberga a fábrica de Chocolates Imperial. Dali saem os deliciosos Allegro, Pintarolas, Jubileu e Regina.

No poema Os Caxineiros, o poeta João Rios, nascido em Vila do Conde, escreve: “Trazem entre as asas do peito costurado/insubmisso clarão/que não quebra nem se esconde…”

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