De pulseirinha no pulso à Porta da Vila batemos. Que mais não é do que a porta principal da vila mandada colocar por D. João IV como forma de agradecimento à Virgem aquando da Restauração de 1640 e que tem como elementos distintivos vários painéis da mais fina azulejaria do século XVIII. Depois da porta vem a Rua de Óbidos, a chamada Rua Direita, assim conhecida desde o século XIV e que liga a Porta da Vila ao Paço. Por ela caminhamos sempre até ao recinto do Festival. Pelo caminho,vamos registando, em fotografia digital, toda a beleza da arquitectura histórica de Óbidos: o Museu Municipal, a Igreja da Misericórdia, o Santuário do Senhor da Pedra, a Capela de Nossa Senhora do Carmo, a visigótica Igreja de Santa Maria, a religiosa Capela de São Martinho, e por fim o Castelo de Óbidos, hoje transformado em pousada.
Aí, junto às muralhas do castelo, onde a entrada para o recinto do Festival propriamente dito está instalada, estão os nossos Oompa Loopas. Estes personagens, que eram os trabalhadores anões da Fábrica, mais não são do que diversos bonecos humanos, disfarçados de guloseimas, que nos dão as boas-vindas recebendo-nos com movimentos diversos, agitação, descontracção, alegria e muito, mas mesmo muito chocolate. Só falta aparecer o próprio Willy Wonka.
Lá dentro, para onde quer que olhemos, avistamos quiosques, tendas, barraquinhas e pavilhões díspares, onde existem diferentes receitas confeccionadas com este alimento dos deuses, para deixar os fanáticos loucos de prazer. Quente, frio, semifrio, sólido, líquido, em pepitas, condimentado, em frutas embrulhadas, ou simplesmente derretido, há para todos os gostos e feitios. Casas em chocolate. Contos de encantar. Formas únicas. Jogos temáticos. Música. Cor. Subitamente, talvez saída do mundo da magia da nossa infância, uma fada, de carne e osso, sorri-nos e leva-nos com ela.
Nas suas transparentes asas voamos até uma tendinha branca, muito fresquinha, onde enormes estátuas em chocolate, branco e preto, com temas alusivos a histórias de amor, provam que a arte e a ciência são duas das mais importantes formas que o homem encontrou para traduzir a realidade. Os seus pasteleiros criadores batalham entre si pelo título medieval de primus inter pares. Não digam a ninguém, mas eu votei em D. Pedro e Inês como a melhor de entre todas.
O tempo corre mais rápido do que um salteador. Uma última visita às barraquinhas de madeira da feira, onde chocolate líquido, escorrendo por gravidade por máquinas giratórias, ondula ao vento. Aqui e ali damos umas trincas numas espetadas de fruta com chocolate e está feito.
12h21m, com dezenas de fotos arquivadas na máquina fotográfica e com uma generosa dose de caramelizados frutos secos, com chocolate como bornal para o caminho, é tempo de partir. Deixamos Óbidos que, com os seus doces lábios vermelhos, rindo sorrisos pintalgados com vários tons de castanho chocolate, nos enche de ternura acenando um adeus e até para o ano.