1.
As pessoas
Os sardos. Nos primeiros tempos, não compreendia porque é que toda a gente aqui insiste em dizer-se “sardo” e não italiano mas agora não faria sentido de outra forma. Os sardos são pessoas distintas de todos os povos com quem já me cruzei. São homens e mulheres de ilha, ligados à terra e ao mar, apaixonados pelo lado bom da vida. São os primeiros a acrescentar um lugar à mesa e os primeiros a encher-te o copo. Pessoas de coração grande e espírito acolhedor.
2.
O mar e a montanha
Aqui, na pequena Terra di Mezzo, os olhos tendem, muitas vezes, a perder-se na imensidão das montanhas. Paredes que parecem tocar a mais alta nuvem e que, no sopé, na verdade, estão apenas a uns passos do mar. Ah, o mar! Como explicar as cores que tem? São águas como nunca antes vi, de uma paleta dos mais brilhantes azuis. Quem diz que o azul é uma cor fria, desengane-se. Aqui, é a mais convidativa.
3.
A gastronomia
Não, não me refiro às pastas e às pizzas. Refiro-me a tudo em que revejo um pouco a típica tasca portuguesa: os queijos, os vinhos, os enchidos, as entradas com sabor a mar... Talvez não por mim e pela minha ligeira queda para saladas universalmente aborrecidas mas pela convivialità que geram. Na Sardenha, a mesa é a porta para a cultura. Nunca se diz não.
4.
O Museo del Bisso
Um museu que foge à ideia normal de um. Na porta, encontra-se um cartaz com a mensagem “Aqui não mora a pressa”. E não podia ser mais verdade. Dentro, fala-nos a última Mestre de uma Arte incrível, de paciência imensa: a arte do “bisso”, o chamado “fio da água”, colhido no mar e que esta mulher de pele salgada transforma em belíssimos tecidos e bordados. Verdadeiras obras de arte que levam anos a concluir. Tecidos e bordados cujo toque não se sente e que emanam um calor algo místico. Há pequenas coisas que provocam uma espécie de despertar na alma e as palavras sábias desta artesã podem muito bem ser uma delas.
5.
O sol
Não é segredo que sou um pouco como um girassol, sempre à procura do sol e de um pouco de calor. Aqui, encontrei-os antes do tempo. Encontrei-os em pleno Inverno e em Abril já me conduziram, inebriada, às belíssimas praias de areia branca e águas azuis turquesa. Também os sardos se movem mais felizes quando brilha o sol e, assim, quando todo um povo sai à rua à procura do mesmo, não há como resistir a piqueniques e passeggiatas várias. Nesta ilha do Mediterrâneo, o Verão começa em Abril e termina em Novembro, não importa o que dizem os calendários.