A diversidade é sentida logo à saída da Amsterdam Centraal e o posto de informação turística, sediado a curta distância, pulula de gente ansiosa pelo início da cidade, mas poucos são aqueles que sabem que logo à esquerda da estação, a biblioteca central oferece gratuitamente do último andar, uma vista soberba sobre as casas de janelas excessivas, os barcos de turistas alvoroçados e o museu da ciência, Nemo.
O mapa abre-se num centro de ruas pequenas, permitindo calcorrear uma cidade emaranhada de gentes, mas talvez a verdadeira experiência deva ser vivida aos pedais de uma bicicleta, ainda que as ruas, azafamadas, fervilhem de tantos outros condutores que nasceram a saber andar sobre duas rodas.
A descoberta das principais atracções pode começar num cruzeiro pelos canais; com sorte, passamos por baixo da Ponte Estreita de Amesterdão.
Na ausência de bicicleta, os pés aspiram por perder-se no meio de uma arquitectura original, que desemboca em grandes praças: Dam, Rembrandtplein, Leidseplein, Museumplein e tantas outras, onde se encontram tudo e todos, num hábito de convívio fora de casa, e onde o transeunte passeia de batatas fritas nas mãos, tal e qual as castanhas assadas portuguesas.
O Red Light District, cuja fama ultrapassa fronteiras, são ruas de vidro de luz vermelha, onde o sexo é vendido legalmente, atraindo a curiosidade de qualquer um, e nos coffee shops em cada esquina, o consumo de drogas leves é legal e o fumo, os brownies e a conversa alegre entre desconhecidos, são a companhia de tantos. Esta tolerância reconhecida dilata o sentimento de liberdade no turista comum e o que costuma ser proibido, é aqui amenizado, fazendo-nos render totalmente a esta diversidade liberal.
Há tantos locais a visitar em Amesterdão, que por vezes é difícil decidirmo-nos o que fazer com o tempo, mas certamente obrigatória é a passagem pelo Mercado das Flores, Casa de Anne Frank, onde se respira a atmosfera oprimida vivida pela menina judia que se escondeu num anexo durante a Segunda Guerra Mundial, museu Van Gogh, onde as pessoas se acotovelam para ver os quadros em exposição, e, claro está, a típica fotografia nas letras “I amsterdam”.
Na Primavera, a emoção de Amesterdão termina a 30 quilómetros da cidade numa visita ao parque de flores, Keukenhof, e a explosão de cores, exacerbada em dias soalheiros, convida o fotógrafo mais inexperiente a gastar a bateria da máquina em imagens que apetece gravar nos olhos.
A verdade é que a variedade cultural de Amesterdão marca-nos tão profundamente que na hora de apanhar o avião de regresso, a terra das túlipas fica-nos no sangue.
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Amesterdão, a cidade das bicicletas, das flores, da tolerância