Fugas - dicas dos leitores

A Provença sem lavanda

Por Alfredo Magalhães

São um ícone da Provença, os campos de lavanda em plena floração em finais de Julho. Mas agora, que estivemos uma semana em Marselha no fim de Abril, descobrimos outras belezas e motivos de atracção.

Marselha é a capital da Provença e, fora das imediações do Porto Velho, não parece ser uma cidade interessante. Mas o Porto Velho e tudo o que o rodeia é realmente encantador. Este porto fica na foz do Ródano, um importante e grande rio francês, por isso não é de admirar que a embocadura do rio seja guardada por duas imponentes fortalezas: Saint Jean e Saint Nicolas. Outros edifícios a merecer atenção e visita são a catedral La Major (edifício neobizantino junto ao porto de cruzeiros), a Câmara de Comércio, agora transformada em museu, e a Marie. Mas para quem visita o Porto Velho vê de qualquer lado, lá no alto de uma colina, a silhueta da igreja de Notre Dame de la Garde. É também um edifício neobizantino, mas quem sobe essa colina tem uma vista espectacular sobre Marselha.

Uma visita a Marselha fica incompleta se não contemplar um passeio de barco para fora do porto. Essa visita pode ser mais alargada ou mais curta e permite ver magníficos rochedos de calcário branco, muito recortados pelo mar, a que chamam “Calanques”. Nós ficámo-nos pelo arquipélago Il Frioul e foi um passeio memorável. Esse arquipélago inclui uma ilhota que tem um castelo do século XVII. É o castelo de If. Nele imaginou Alexandre Dumas a prisão e a fuga do conde de Montecristo, do seu romance homónimo.

Outra cidade de referência da Provença é Avignon. Foi sede do papado no século XIV e tem ainda bem conservado um imponente e enorme palácio medieval. A cidade é pequena, muralhada e encantadora. Outro ponto de interesse de Avignon é a ponte Bénezet, sobre o Ródano. Está semidestruída desde o século XVII, mas faz parte do imaginário francês devido a uma canção popular que relata uma infinidade de gente a dançar sobre ela.

Mas é quase pecado visitar a Provença e não ver o Parque Nacional da Camarga. É constituído por um conjunto de terrenos alagadiços, paraíso de inúmeras aves e animais. Os mais icónicos e procurados são os flamingos rosa. O dia que escolhemos estava cinzento, por isso as aves estavam longe das margens. Também os bonitos cavalos brancos estavam em grande parte num desfile em Arles, a capital da Camarga. Foi devido a esse desfile que não apreciámos como queríamos as ruínas romanas, de que o anfiteatro ao estilo do Coliseu é o mais conhecido, e sobretudo a Praça da República, com vários monumentos antigos, nomeadamente a belíssima catedral medieval de S. Trófimo.

Ainda visitámos Les Baux de Provence, onde vimos como se pode explorar convenientemente o turismo. Esta aldeia medieval, considerada a mais bela aldeia de França, vive intensivamente do turismo. É muito bonita, mas creio que não merece 1,5 milhões de visitantes anuais. Também parámos nas bem conservadas ruínas romanas de St. Rémy (Glanum) com um arco triunfal e um magnífico mausoléu, este considerado o mausoléu romano mais bem conservado do mundo.

Ficou muito por ver. Mas com voos de baixo custo para Marselha, a Provença fica sempre em agenda.

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