Fugas - dicas dos leitores

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Maurícias, umas férias repousantes

Com indicação do cobrador, a quem tínhamos solicitado previamente que nos indicasse o local onde deveríamos sair, já tínhamos abandonado a estrada principal cerca de dois ou três quilómetros antes, lá fomos dar seguimento ao propósito desta nossa viagem. Ninguém mais saiu além de nós os três. Só no fim do dia, de regresso ao hotel, percebemos que o autocarro se tinha desviado especialmente para nos largar. Fiquei com pena de não ter agradecido a gentileza que veio confirmar a já observada hospitalidade do povo maurício.

Chegados à zona esperada, deparámo-nos com uma montanha de forma quase cúbica, o monte Le Morne, classificado como Património da Humanidade pela UNESCO. Numa região praticamente plana, esta montanha eleva-se majestosamente para depois se debruçar, quase a pique, sobre as praias, qual sentinela vigilante contra piratas há muito desaparecidos.

Na realidade, a montanha serviu de refúgio a escravos foragidos que se esconderam nas suas grutas e, por isso, tornou-se um símbolo da luta pela liberdade. A praia procurada apresentava um mar demasiado revolto, com ventos agressivos e os windsurfistas estavam em terra. Nada a fazer!

Não havendo muito mais para ver por ali além do esplêndido Le Morne, iniciámos o regresso e fomos apanhar novamente o autocarro. Para isso foi preciso caminhar ainda dois ou três quilómetros a pé. A viagem em transporte público, neste dia, revelou-se bastante interessante pois permitiu-nos observar comportamentos e assistir a pequenas peripécias.

As férias estavam a chegar ao fim quando apareceu na praia o Antoine. Tinha setenta anos, era negro e franzino, este pescador de pérolas que agora se dedicava à sua venda em adornos femininos. Já não mergulhava em apneia, quem o fazia então era o filho. Mostrou-se orgulhoso da sua profissão e trazia consigo o seu portefólio. Jornais franceses e ingleses com reportagens sobre a sua vida, e ainda muitas fotografias, demonstravam uma carreira longa. Antoine acabou por nos confessar que era descendente de portugueses e logo disse que o seu nome verdadeiro era António, mas todos lhe chamavam Antoine. Falava francês, mas ainda sabia algumas palavras na língua lusa. Nas ilhas Maurícias o francês e o inglês coexistem a par do crioulo de base lexical francesa.

Um dos atractivos turísticos das Ilhas Maurícias é, sem duvida, o famoso pôr do sol. Observá-lo do areal é espectáculo a não perder. Talvez tenha sido por isso que fomos surpreendidos com um casamento em plena praia na hora em que o sol se prepara para desaparecer no horizonte. Que engraçado contraste o das roupas nupciais entre todos os veraneantes de biquínis e calções. Por esta hora, podem-se dar excelentes passeios de cavalo, tendo como cenário um céu alaranjado a pincelar as águas do mar de manchas de fogo e aguardar que a noite nos envolva completamente.

Pôr do sol, excelente gastronomia, gente acolhedora e boa oferta hoteleira fazem deste país um óptimo lugar para repor energias.

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