A seguir somos nós. Entregámos um documento de identificação na Loja das Bugas, junto ao mercado Manuel Firmino, e já está, temos nas mãos uma bicicleta de utilização gratuita para passearmos pela cidade.
Travam mal, não têm mudanças e só à terceira é que conseguimos uma que não tivesse os pneus sem ar.
- Vêm aqui vandalizá-las à noite, furar ou esvaziar-lhes os pneus e até os roubam, diz-nos o funcionário que nos atende.
Ultrapassados alguns ziguezagues iniciais, pedalamos em direcção a uma das muitas pontes que atravessam os canais de Aveiro. Algumas têm flores, noutra há fitas penduradas, com cores tão vivas como as dos moliceiros que deslizam na água. Vão cheios de pessoas, os barcos, já não para apanhar moliço como quando se fertilizavam as terras sem químicos, mas para ver esta cidade plana e tranquila a desfilar.
Continuamos a pedalar, canal fora, passando pelo bonito edifício da antiga Capitania do Porto de Aveiro, com vários arcos submersos. Mais à frente, defronte para a ria, em pleno Rossio, muitas outras casas Arte Nova dão fama à cidade. Têm fachadas invulgares: as janelas, as varandas e os portões curvilíneos e minuciosamente trabalhados, destacando-se aqui e ali girassóis em ferro forjado ou azulejos com motivos florais.
Os azulejos estão, aliás, espalhados por toda a cidade, uns mais modernos e garridos, outros mais tradicionais, a azul e branco. Gosto de todos como gosto das pinturas na proa e na popa dos moliceiros: umas invocando figuras históricas como Amália ou Eusébio, outras ora a devoção ora a malícia populares.
E lá vamos nós — e tantos como nós — a pedalar tranquilamente até à zona das salinas onde o sal, que é outra das imagens de marca de Aveiro, ainda não cristalizou. Não faz mal, voltaremos talvez nos dias 4 e 5 de Junho para o Vivó Bairro ou num fim-de-semana próximo para ver os montes brancos de sal e rever tantos outros locais de que gostamos na cidade, como a estação de comboios, para mim uma das mais bonitas de Portugal; o espaço Trilhos da Terra, com diversas actividades para quem gosta de fotografia e viagens; a Sé de Aveiro, onde apreciámos a mistura do moderno com o antigo e, com mais tempo, visitaremos também o Museu de Arte Nova e o Museu da Cidade. Agora vamos almoçar, que andar de bicicleta abriu-nos o apetite e são muitas as iguarias regionais que desejamos provar.
Nota: Pode requisitar uma Buga junto ao mercado Manuel Firmino, em qualquer dia da semana, entre as 10h e as 19h, devendo devolvê-la no mesmo dia até às 19h. Também há bicicletas para crianças e bancos para transportar bebés atrás.
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