Na ligação com o outro os japoneses são adeptos do contactless. Os cumprimentos são substituídos por vénias, as transações comerciais são servidas por uma bandeja e, em determinados momentos, chegamos mesmo a imaginar que temos superpoderes na palma da mão para accionar mecanismos para fazerem as coisas acontecerem.
No encantamento da vivência japonesa, encontramos efectivamente “poços de ar” que não entendemos e até antíteses e contra-sensos. Há coisas mais simples, como o facto de, mesmo sendo um país tecnológico, dominado pela comunicação digital, manterem concierges à porta das lojas ou até a percorrerem ruas circundantes, a segurarem cartazes e a apregoarem promoções. Estes elementos existem até em Shibuya, o “Picaddily Circus” em larga escala de Tóquio.
Outro tema que causou alguma estranheza foi o uso da tempura. Em alguns pratos é mergulhada num caldo fervente, abdicando de toda a crocância — não foi para isso que os portugueses levaram a tempura para o Japão. Sendo adeptos da discrição, é obrigatório sorver o famoso ramén com barullho, como sinal de satisfação e apreço.
A visita ao Japão é recomendada na Primavera, na altura da sakura (cerejeiras em flor), ou no Outono, pela paleta de cores que se encontram nos bosques e vegetação circundante. É necessário tempo, pois não se pode apreciar jardins zen ao jeito de um rally-paper.
A beleza do Japão, e sobretudo de Quioto, é colossal e chega a ser constrangedora. Acredito que no interior, e a Norte, possa ser ainda mais. É inevitável pensar como integrarmos esta beleza tão vívida e que efeito terá nas nossas vidas.
Tenho uma vontade genuína de conhecer o Japão, terei de voltar, acredito que este país é um “mil-folhas” por descobrir.