Fugas - dicas dos leitores

Alexandra Moreira da Costa

Nova Iorque, uma cidade do mundo

Por Alexandra Moreira da Costa

Nova Iorque deve ser das cidades que melhor conhecemos, sem nunca lá termos estado. Os filmes, as séries, os livros policiais, até bloggers e youtubers mostram, todos os dias, cada dobrar de esquina desta cidade.

Sentimos, ao percorrermos aquelas ruas, que estamos de visita a uma das cidades em que vivemos noutra vida. Ao passar junto ao rio Hudson, em frente a Brooklyn, procuramos Woody Allen e Diane Keaton sentados no banco da cena final de Manhattan. No Central Park, de um lado, vemos Dustin Hoffman a empurrar a bicicleta do filho em Kramer vs Kramer e, do outro, a senhora dos pombos a abraçar Macaulay Culkin em Home Alone 2. Olhamos para cima, para o topo do Empire State Building, e vemos Meg Ryan e Tom Hanks em Sleepless in Seattle. Um pouco mais à frente, encontramos Audrey Hepburn a namorar a montra da Tiffany.

Passeamos em Greenwich Village e vemos tantos bares semelhantes ao MacLaren’s, onde os cinco amigos de How I Met Your Mother viveram nove temporadas. Quando nos aproximamos de Staten Island seguimos o olhar sobrevivente de Kate Winslet quando chega ao Novo Mundo, depois do naufrágio do Titanic. E, de entre muitos mais exemplos, não podemos esquecer Carrie, Samantha, Charlotte e Miranda, que se passeiam pelas avenidas nova-iorquinas, pelas galerias e bares em Sex and the City.

Nova Iorque é, através do cinema e da televisão, uma cidade um pouco de toda a gente e percorrê-la a pé torna-a mais nossa. Conseguimos ter uma melhor percepção da sua dimensão e de que, se a quiséssemos descobrir por inteiro, seria preciso uma vida. Por isso, numa semana em Nova Iorque aprende-se o significado da palavra “seleccionar”.

Os museus são, provavelmente, o mais ingrato da cidade. São tantos, tão ricos e completos que, só para o Metropolitan, uma semana não chegaria nem que lá dormíssemos. Porém, com guia ou sem guia, há pontos que são obrigatórios, como a Estátua da Liberdade, a Ponte de Brooklyn, Wall Street ou Central Park. Mas, para qualquer dúvida, não faltam transeuntes prestáveis! É, talvez, dos povos mais simpáticos que já tive o prazer de conhecer.

A comida americana não engana, mas proporciona muitos happy moments. Os pequenos-almoços são o melhor. Os tradicionais diners onde nos servem aquele café aguado, de filtro, que nos aquece nas manhãs mais frias, com a mesma gentileza com que um europeu serve o melhor vinho num copo quase vazio num jantar de gala. Desde panquecas a batatas fritas, vale tudo ao pequeno-almoço, porque o almoço, esse, come-se na rua, encostados a uma roulotte, enquanto as condutas expiram os vapores do metro.

As farmácias são outro caso de estudo. Xanax e Oreo em prateleiras contíguas. É só pegar, pagar e levar!

Mas NY também é uma cidade de desigualdades. No restaurante onde os garçons foram escolhidos a dedo num catálogo de moda, cativando clientela masculina e feminina com sorrisos e charme, ansiando pela obrigatória tip (gorjeta), enquanto o hispânico, visivelmente abatido, recolhe a louça suja. Aqui reina o trabalho à comissão, desde a padaria à papelaria. E depois temos os mole people, os sem abrigo. E de repente, no meio da adrenalina turística, paramos para pensar: é Março, estão quatro graus negativos. Quantos sobreviverão ao Inverno?

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