A conceituada revista "Condé Nast Traveller" inclui-o entre os melhores hotéis do mundo. O influente portal de viagens Trivago concluiu que o seu terraço com bar e Tejo oferecia a quarta melhor vista do mundo. Nos World Travel Awards, conquistou este ano - e pela terceira vez consecutiva - o "óscar" de melhor boutique hotel de Portugal. Tempo de voltar ao lisboeta Bairro Alto Hotel, definido como um "boutique hotel de charme" (o primeiro de Lisboa, conforme nos sublinha o director-geral, Jorge Cosme), para tirar a prova dos nove (e também mostrá-lo em vídeo, claro está).
Chegámos com a fachada, no seu característico amarelo, a ser retocada. Para quem vem da azáfama do Chiado ou da movimentação do Bairro Alto, a sensação que marca a entrada no hotel é, mesmo, de contrastante sossego. Não há também estridências noutros ambientes: a fachada não grita o nome nem as estrelas e o interior vai mostrando, piso a piso, um luxo sóbrio, um clássico moderno, polido com modernidades várias bem engendradas e engastadas. Começando pelo cosmopolita e independente bar do rés-do-chão e acabando no exemplar bar do topo, o "tal" terraço. Vivido o conjunto, conclui-se outra grande vantagem do hotel: a sua dimensão boutique, com apenas 55 quartos de boas dimensões (e com o selo de aprovação da exclusiva rede The Leading Small Hotels of the World)
Depois, há todo um mundo de detalhes por este edifício de seis pisos do século XVIII - que chegou a ser o velho hotel L'Europe e que viveu em ruínas até ser inaugurado em 2005: do átrio em mármore marcado por duas esculturas em ferro de Rui Chafes (um conjunto carinhosamente baptizado de "Vejo-me a amar-te") ao pequeno elevador (também com um surpreendente chão em mármore).
Das grandes suites (há quatro), com frescos de pássaros e banheira de pés, com sala de estar isolada do quarto por portas de correr ou chaise longue e mesa de trabalho, às grandes camas de tamanho real (King, precisamente, 200x200cm) com direito a "menu de almofadas". Outro detalhe marcante: fechada a porta da suite, o silêncio impera; de Chiado, Camões e Bairro Alto só vistas, nada de ruído - o único som que parece penetrar é até apaziguador: uma ligeira vibração de quando em vez à passagem vizinha do mítico eléctrico 28.
No bar (baptizado Café-Bar BA), onde há noites de DJ e outros eventos, a pequena sala principal não tem mais que o balcão de bar, a mesa de DJ (uma caixa em madeira que se abre quando necessário e de resto permanece como móvel), um painel luminoso multicolorido e uma marcante mesa em estrela. Tem algo mais, porém: uma esmerada carta de cocktails onde não faltam os clássicos (e há quem diga que este é dos melhores locais para um Dry Martini) nem inovações - pergunte pelos cocktails com gengibre ao mestre Daniel.
No restaurante Flores, encontramos o novo chef, o jovem Vasco Lello. No seguimento do mote português cosmopolita do hotel, o que nos propõe é "uma cozinha portuguesa com influências de todo o mundo". Uma das provas: Bacalhau influenciado por Marrocos, melhor dizendo confitado com "ras-el-hanout", grão, harira, briouat e óleo de argan (23€). Resultado: uma posta viajada, sólida, de lascas suaves e sabor aprovadíssimo.
E, claro, cereja no bolo, o "tal" terraço, aberto em águas-furtadas e protegido, com a vista para o rio, a cidade, a ponte e a outra margem - dir-se-ia que não há nada de especial nisto, não faltam sítios para este mesmo postal ilustrado da cidade mas o certo é que há mesmo algo de especial nesta paisagem vista daqui. Talvez seja do enquadramento (ou dos Dry Martini..).
Preços: Os quartos ficam em cerca de 200€ por noite (actualmente, encontravam-se online quartos a 183€) e as suites podem custar mais de 500€ por noite. Restaurante Flores: pratos principais entre 18,50€ e 23€. Café-bar: Refeições ligeiras desde 8€ (saladas, hambúrgueres, sanduiches, pregos) e sobremesas a 4€ ou tapas (rolinhos asiáticos, queijos e enchidos, gomos de batata, bruschettas, desde 5€. Cocktails a partir de 8€/10€.
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Um espaço ''com alma''
por Ana Rita Faria, 20.03.2010