Fugas - hotéis

O hotel do Bairro Alto continua em alta

Por Luís J. Santos (texto), Ricardo Rezende (vídeo)

Continua a somar prémios e a marcar a hotelaria nacional. Regresso ao Bairro Alto Hotel, cinco estrelas alfacinha que venceu recentemente mais um World Travel Award para melhor boutique hotel luso, para saber das novidades – que incluem um novo chef – e indagar da persistência.

A conceituada revista "Condé Nast Traveller" inclui-o entre os melhores hotéis do mundo. O influente portal de viagens Trivago concluiu que o seu terraço com bar e Tejo oferecia a quarta melhor vista do mundo. Nos World Travel Awards, conquistou este ano - e pela terceira vez consecutiva - o "óscar" de melhor boutique hotel de Portugal. Tempo de voltar ao lisboeta Bairro Alto Hotel, definido como um "boutique hotel de charme" (o primeiro de Lisboa, conforme nos sublinha o director-geral, Jorge Cosme), para tirar a prova dos nove (e também mostrá-lo em vídeo, claro está).  

Chegámos com a fachada, no seu característico amarelo, a ser retocada. Para quem vem da azáfama do Chiado ou da movimentação do Bairro Alto, a sensação que marca a entrada no hotel é, mesmo, de contrastante sossego. Não há também estridências noutros ambientes: a fachada não grita o nome nem as estrelas e o interior vai mostrando, piso a piso, um luxo sóbrio, um clássico moderno, polido com modernidades várias bem engendradas e engastadas. Começando pelo cosmopolita e independente bar do rés-do-chão e acabando no exemplar bar do topo, o "tal" terraço. Vivido o conjunto, conclui-se outra grande vantagem do hotel: a sua dimensão boutique, com apenas 55 quartos de boas dimensões (e com o selo de aprovação da exclusiva rede The Leading Small Hotels of the World)   

Depois, há todo um mundo de detalhes por este edifício de seis pisos do século XVIII - que chegou a ser o velho hotel L'Europe e que viveu em ruínas até ser inaugurado em 2005: do átrio em mármore marcado por duas esculturas em ferro de Rui Chafes (um conjunto carinhosamente baptizado de "Vejo-me a amar-te") ao pequeno elevador (também com um surpreendente chão em mármore).

Das grandes suites (há quatro), com frescos de pássaros e banheira de pés, com sala de estar isolada do quarto por portas de correr ou chaise longue e mesa de trabalho, às grandes camas de tamanho real (King, precisamente, 200x200cm) com direito a "menu de almofadas". Outro detalhe marcante: fechada a porta da suite, o silêncio impera; de Chiado, Camões e Bairro Alto só vistas, nada de ruído - o único som que parece penetrar é até apaziguador: uma ligeira vibração de quando em vez à passagem vizinha do mítico eléctrico 28.

No bar (baptizado Café-Bar BA), onde há noites de DJ e outros eventos, a pequena sala principal não tem mais que o balcão de bar, a mesa de DJ (uma caixa em madeira que se abre quando necessário e de resto permanece como móvel), um painel luminoso multicolorido e uma marcante mesa em estrela. Tem algo mais, porém: uma esmerada carta de cocktails onde não faltam os clássicos (e há quem diga que este é dos melhores locais para um Dry Martini) nem inovações - pergunte pelos cocktails com gengibre ao mestre Daniel.

No restaurante Flores, encontramos o novo chef, o jovem Vasco Lello. No seguimento do mote português cosmopolita do hotel, o que nos propõe é "uma cozinha portuguesa com influências de todo o mundo". Uma das provas: Bacalhau influenciado por Marrocos, melhor dizendo confitado com "ras-el-hanout", grão, harira, briouat e óleo de argan (23€). Resultado: uma posta viajada, sólida, de lascas suaves e sabor aprovadíssimo.

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