As instalações deste singular hotel, fundado em 1989, são construídas todos os anos a partir de Outubro, numa edição única e diferente de todas as anteriores. Este ano, colaboraram 40 artistas de 12 países diferentes, a que se juntaram 15 construtores.
É que o Icehotel - em Jukkasjarvi, na Lapónia sueca –, que foi o primeiro hotel de gelo do mundo, não quer apenas distinguir-se pela espectacularidade da matéria-prima que utiliza, é verdadeiramente uma instalação artística. E muito viva e com uma rotina muito própria: erige-se à chegada das neves, derrete-se à chegada dos calores.
Entre as novidades deste, conta-se um quarto que no seu interior tem uma réplica de uma carruagem do metro londrino, um quarto onde um urso está em pose de quem vai dançar no varão de gelo, outro com mais ursos em posição de ataque, outro onde o busto de Narciso se mira num espelho gelado, além de uma sala que é uma réplica de um cinema antigo ou camas artisticamente esculpidas e ‘cavernas’ de neve.
A temporada abriu oficialmente a 10 de Dezembro mas as “obras” continuam, já que alguns dos quartos só “estarão prontos até ao final do ano”. Além dos quartos e suítes, o hotel garante ainda restaurante e bar do gelo. Tudo, garantidamente, a pelo menos cinco graus negativos. A experiência dá até direito a receber um diploma.
Mas nem vale a pena tremer perante tal gélido cenário, já que, para dormir nestes quartos, o hotel disponibiliza roupa apropriada e sacos-cama criados para suportar até 25 graus negativos. Todas as noites, há também um “curso de sobrevivência” para os hóspedes recém-chegados…
Depois da experiência não há tempo para ficar na preguiça, os funcionários acordam os hóspedes de manhã com um sumo quente de mirtilo para que estes possam aproveitar as actividades ao ar livre e para que as instalações do Icehotel possam começar a receber visitas guiadas. As visitas acontecem diariamente em sueco das 10h às 14h e em inglês das 12h às 16h.
Num local privilegiado para observar a Aurora Boreal, este hotel oferece ainda o total isolamento, conseguido pela sua remota localização, 200km a norte do Círculo Polar Árctico, onde só é possível chegar de trenó puxado por cães, mota de neve, no Inverno, ou de barco, pelo rio Torne, no Verão.
Verão, leu bem: é que também pode visitar um hotel neste local durante esta estação mas, claro, sem gelo à vista. O que encontrará são as acomodações mais “normais” e calorosas que o hotel disponibiliza (também no Inverno), para os mais friorentos. Os responsáveis do hotel explicam que “a maioria dos hóspedes passa um dia no quarto de gelo (pela experiência) e depois opta por passar o resto da estadia nas instalações ‘quentes’”.
Com 65 quartos “gelados” e 72 “quentes”, recebe por ano cerca de 50 mil visitantes de 80 países. As suas instalações de gelo são construídas a partir do gelo natural extraído do rio Torne (que regressa à sua origem a partir de Abril).
A equipa “experiente” que constrói o hotel no gelo todos os anos, como explicam os responsáveis, tem feito parte de recentes projectos como os interiores do novo conjunto de bares de gelo permanentes em Estocolmo e Londres, instalações de gelo na Milan Design Week, ou trabalhos para a BMW, Chanel e outras marcas mundiais.