Fugas - hotéis

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Uma suite sobre Copacabana

Por Alexandra Prado Coelho

“Copacabana, princesinha do mar/Pelas manhãs tu és a vida a cantar/E a tardinha o sol poente/Deixa sempre uma saudade na gente”, diz a canção. O nosso quarto no Rio de Janeiro, no Pestana Rio Atlântica, tinha vista para tudo isto. Também já sentimos saudades.

Num primeiro momento, mal reparamos no quarto. É a varanda da suite do Hotel Pestana Rio Atlântica, no Rio de Janeiro, que nos atrai, como se lá fora houvesse um íman. Saímos para o exterior e o calor bate-nos na cara. Aos nossos pés, Copacabana.

Da nossa varanda vê-se o movimento no calçadão, gente continuamente passando, uns vestidos para trabalhar, outros de fato-de-banho, os carros correndo paralelos ao mar, uma cidade na praia. Na areia um grupo de rapazes de t-shirts vermelhas e calções negros tentam à vez a sua sorte rematando para uma baliza sem rede. Chega-nos, ao longe, a música que toca nos barzinhos da praia onde as pessoas bebem água de coco por palhinhas enfiadas em cocos acabados de abrir a golpes de grandes facas. O calçadão, a areia, o mar, os morros ao fundo, a vida que não pára, o Rio de Janeiro de todos os bilhetes-postais ali mesmo à nossa frente. 

Só depois olhamos para o quarto, neste caso uma das suites do hotel — cores claras, alegres, mobiliário prático, casa de banho grande com banheira de um lado para banhos mais longos e chuveiro do outro, sofás também de cores claras, um móvel pequeno com um televisor, uma mesa de trabalho (há Internet wifi), em cima da qual nos deixaram uma caixa com miniaturas de pastéis de nata, num gesto de boas-vindas (nos dias seguintes, na mesma mesa, irá aparecer uma garrafa de espumante e pratinhos com doces ou com fruta e queijo). 

No primeiro dia tomamos o pequeno-almoço na sala do restaurante junto à entrada do hotel, com vista para a rua. Espaçosa, tem um buffet com variedades de sumos, pães, frutas (entre as mais clássicas e as mais brasileiras), bolos, queijos e fiambre, e ainda os quentes e os feitos na hora, com a possibilidade de se pedir ovos ou uma panqueca de tapioca com recheio. 

E ainda não tínhamos descoberto o melhor: a possibilidade de tomar o pequeno-almoço no deck-bar. Isto significa uma escolha (muito ligeiramente) menor do que a da sala de baixo e, em troca, uma vista magnífica, ainda melhor que a do quarto, porque aqui estamos um andar mais acima. A luz da manhã inunda a sala e dá-nos vontade de esquecer o dia de trabalho (sim, estamos no Rio em trabalho) que nos espera e de ficarmos por ali, na piscina da cobertura, cuja água brilha, convidativa, à nossa frente. Para quem está de férias e quer também ir à praia, o hotel disponibiliza um serviço de apoio entre as 9h e as 16h, com cadeiras, toalhas, sumos e chuveiro.

Aconselham-nos, não podendo ficar durante o dia, a voltarmos à noite, quando o deck-bar se transforma num espaço de “pré-festa”, um sítio onde os hóspedes do hotel ou qualquer pessoa de fora pode vir tomar um copo e ouvir música junto à piscina e gozar da tal vista soberba sobre Copacabana. Funciona neste modelo até às duas da manhã, sendo que no início da semana, de segunda a quarta, o programa é mais ligeiro e de quinta a sábado torna-se “mais dançante”. É também na cobertura que funciona o spa do hotel, igualmente aberto a toda a gente. 

Comprado pelo grupo português Pestana em 1999, quando este decidiu lançar-se num processo de internacionalização que começou por Moçambique e avançou logo de seguida para o Brasil, o Rio Atlântica, um cinco estrelas situado na mesma Avenida Atlântica que o mítico Copacabana Palace, sofreu profundas obras de renovação entre 2011 e o início de 2013. “Houve muitas alterações, com a renovação total dos apartamentos e das áreas sociais”, explica Gefferson Alves, gerente de hospedagem. Concluídas as obras, neste momento o investimento é sobretudo no pessoal, com planos para aumentar o número de colaboradores numa altura em que o Brasil se prepara para receber, em Junho, o Mundial de Futebol — ou, como aqui se diz, a Copa do Mundo. 

No entanto, para esse período, o hotel já está totalmente vendido, conta Gefferson. Trata-se de uma parceria com a marca de cerveja Budweiser, que vai tornar o Pestana, temporariamente, um “Hotel Budweiser” para os convidados da marca, com festas temáticas na cobertura e uma decoração especial.

Quanto ao restaurante, tem uma cozinha internacional, mediterrânica, com alguns toques portugueses. Uma opção que Gefferson justifica por se tratar de um hotel que recebe hóspedes de todo o mundo. Entre o mercado europeu, que representa boa parte desses visitantes, destacam-se, claro, os portugueses. Mas o hotel tem duas épocas bastante distintas: “Em Dezembro, Janeiro, Fevereiro [período de férias no Brasil e também do Carnaval] vêm muitas famílias de férias. Depois do Carnaval, os clientes passam a ser mais pessoas em viagens de negócios e aos fins-de-semana há muito público brasileiro, vindo de São Paulo e do Nordeste.”

Não podemos ficar para jantar no Pestana porque já temos outros planos. Mas saímos para a rua e percorremos a pé os desenhos ondulantes da calçada portuguesa até ao Leblon. A noite vai caindo, mas a temperatura continua quente. Há figuras de areia esculpidas à beira da praia para os turistas tirarem fotografias, há vendedores ambulantes oferecendo maçarocas de milho quentinhas, há rapazes musculados a jogar à bola e meninas empenhadas nos seus abdominais, como se a praia fosse um enorme ginásio. Há pessoal a fazer equilíbrio em cima de elásticos. E crianças a gozar o chuveirinho gratuito que sai dos painéis publicitários. Há torneios a decorrer e muita gente sentada nas esplanadas a comer pastelinhos de carne com queijo catupiry e a beber cerveja gelada.

E pensar que só no início do século XX é que os cariocas descobriram Copacabana — e a seguir, quando esta ficou demasiado lotada, começaram a espalhar-se para as então ainda pouco exploradas praias de Ipanema e do Leblon. Até essa altura, a vida fazia-se no Centro do Rio, muito em torno da célebre Rua do Ouvidor. A descoberta da praia foi tardia, mas nunca mais ela deixou de fazer parte de quem vive ou passa pelo Rio. Os hotéis foram crescendo ao longo da Avenida Atlântica — o Copacabana Palace começou a receber estrelas de cinema e todo o tipo de individualidades a partir da sua abertura em 1923 — e o bairro tornou-se o maior símbolo de status da cidade. 

Ainda hoje, o mapa que nos dão no hotel mostra apenas esta orla das praias: Copacabana, Ipanema, Leblon. Mas o Rio é tão mais do que isso e os turistas já o sabem. É pena que os mapas insistam em ignorá-lo. 

Regressamos quando a noite já caiu totalmente sobre a cidade. Apesar disso, o calor mantém-se e o movimento não desapareceu do calçadão. Quando entro no quarto, volto a dirigir-me a varanda, sem sequer abrir a luz, e fico a ver a praia iluminada e a noite sobre Copacabana. No dia seguinte, quando acordo, a primeira coisa que faço é abrir as cortinas, deixando o sol invadir tudo. Os morros à esquerda desenham a mais bela linha de horizonte, na meia-lua perfeita da areia já há pessoas, pequenas como formigas, e na avenida os carros aceleram levando quem vai trabalhar a caminho dos empregos. 

Copacabana já acordou. Terá chegado a dormir?

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Informações

Pestana Rio Atlântica
Avenida Atlântica, 2964
Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil
Tel.:+55 21 2548-6332
Preços: entre os 180 e os 500 euros por um quarto ou suite para duas pessoas (existem com vista total do mar, vista parcial ou vista de cidade) Nota: os preços variam conforme a época do ano e a disponibilidade, mas o hotel garante o melhor preço disponível. Para reservas e ofertas promocionais consultar o site

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