Depois de “três meses de procura intensa”, apaixonaram-se por uma vivenda, “abandonada há três anos”, da qual perceberam o potencial e que quiseram arrendar de imediato. A casa é um hostel, mas também o lar de Rita e João, pelo menos nos primeiros anos. O casal vive numa zona que lhes permite ter privacidade, apesar de chegarem a partilhar a vivenda com 20 pessoas. A mudança de vida acabou por obrigá-los a trabalhar mais horas do que dantes, “mas é bom”. Agora, até gostam mais “de estar a passar a esfregona no chão, a cortar relva ou a acartar coisas do que estar ao computador”.
No primeiro ano de funcionamento do hostel, faziam tudo sozinhos. Este ano já têm duas ajudantes. Foi um ano de “muito esforço”, para se inteirarem “de como funciona a área da hotelaria”. “Às vezes o mais difícil é esta gestão de tempo e de tarefas, é muita coisa ao mesmo tempo”, admitiu Rita, que, em conjunto com João, trata da “comunicação, administração e manutenção” do negócio. Com tanto para fazer acabaram por descurar algumas coisas, como a divulgação no Facebook, já que estavam “muito focados nos hóspedes e na casa, em estar tudo perfeito para eles”. Mas acreditam que fizeram a opção certa e que, “se calhar por isso”, atingiram classificações tão altas nos sites de reservas, até porque, neste negócio, “o boca a boca é que conta”. Por ali já passaram pessoas, a viajar há vários meses, que reservaram três dias e acabar por ficar um mês e meio.
Há a história do italiano que foi a Itália, ao casamento do melhor amigo, e voltou logo a seguir, acabando por passar no Perfect Spot o mês todo de Agosto. Em Junho, um rapaz “pediu para dormir no sofá porque queria muito ficar 15 dias e havia duas noites em que não tinha cama”. O hostel tem três quartos privados, para duas ou três pessoas, e dois partilhados, um para quatro pessoas e outro para oito, e “atendimento “personalizado”. “Gostamos de explicar às pessoas onde estão, o que podem fazer, aconselhamos locais. Aquilo que quando fomos de férias sentimos que faltou, tentamos dar às pessoas”, garantem.
Apesar das muitas horas de trabalho e de não terem descanso, “trabalhar feliz é muito diferente”. Quando se lhes pergunta se a mudança de vida valeu a pena, não hesitam: “claro”. Embora haja na casa um sótão livre, que lhes permitiria duplicar ao número de camas, Rita e João gostavam “de manter as coisas mais familiares”, de modo a fazer com que os hóspedes continuem a “sentir-se em casa”. Faturariam mais, mas não se meteram nisto “só pelo dinheiro, até porque não é um negócio milionário”. Fazem-no pelas “pessoas fantásticas” que conhecem e lhes dão “vontade de continuar”, mesmo que, para já, o tempo para surfar ainda não seja muito.