Fugas - hotéis

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Eles queriam mudar de vida. Foram viajar, voltaram e abriram um hostel

Por Joana Ramos Simões

Em Cascais há um hostel que está no topo das preferências de turistas. No Lisbon Perfect Spot, descobrimos a história de Rita e João, um casal que decidiu mudar radicalmente de vida após uma viagem a Bali.

Fartos da vida que levavam, Rita Duarte e João Almeida juntaram os dias de férias que tinham acumulado em anos de trabalho “stressante” e rumaram a Bali, na Indonésia, para “pensar no que queriam fazer da vida”. Naquela ilha do Pacífico deu-se o ‘clique’. Voltaram para Portugal sem saberem muito bem o que fazer, mas com uma certeza: “Vamos fazer algo por nós”. Este é o início da história do Lisbon Perfect Spot, um hostel em Cascais, aberto em Julho do ano passado, que reúne das classificações mais elevadas em sites de reservas online como o Booking (9,6/10), Tripadvisor (100%) e Hostelworld (96%).

Rita, de 33 anos, e João, de 30, passavam 12 horas por dia, em frente a computadores, a planear e a desenhar campanhas publicitárias e de marketing na área social. Se por um lado, o facto de fazerem “campanhas de angariação de fundos na área social” os satisfazia, faltava-lhes “o contacto com as pessoas”.

A viagem a Bali tinha um objectivo claro: pensarem no que queriam fazer. “Naquela empresa não queríamos ficar”, contou Rita ao Público. Uma das opções ponderada pelo casal, mas colocada logo em último lugar, seria emigrarem. Não por lhes faltar espírito de aventura, mas por adorarem o país onde nasceram.

Em Bali, ficaram alojados num surf camp, cujo dono um dia decidiu mudar de vida. O surf camp tinha aberto há cinco anos, na mesma altura em que Rita e João entraram para a empresa onde trabalhavam. “Foi aí que pusemos as coisas mesmo em perspectiva”, disse João. Em cinco anos, João e Rita tinham “mais cabelos brancos”, ele estava “mais gordo”, ela “mais stressada” e ambos surfavam “cada vez menos”. O dono do surf camp geria agora um espaço com 40 camas, tinha uma equipa a trabalhar com ele e surfava todos os dias. “Levava uma vida bacana”.

Rita e João regressaram a Portugal com “vontade de mudar”. “Não sabíamos o que íamos fazer. Só decidimos que íamos fazer algo por nós. Sempre quisemos ter o nosso próprio negócio, porque não começar já?”, referiu Rita. À vontade que tinham aliou-se a “oportunidade perfeita”, já que a empresa onde trabalhavam “estava a reduzir custos”. “O João era designer e eles achavam que podiam passá-lo para colaborador. Estamos juntos há oito anos e sempre trabalhámos juntos. Se ele sai eu também vou. Vamos construir uma coisa para os dois”, recordou Rita. E assim foi.

Depois “foi tudo natural”. A avó de João tinha um prédio antigo na Parede, na linha de Cascais, que poderia ser recuperado pelo casal, surgindo aí a ideia de abrirem um hostel, até porque, há dois anos “o Turismo era o que estava em crescimento”. Delinear o projecto e o plano de negócio foi relativamente fácil, já que Rita tinha “bastantes noções”, ganhas durante o curso e os anos a trabalhar na área de Marketing.

Para limar arestas, na parte burocrática, tiveram a ajuda “fundamental” da DNA Cascais [agência municipal dedicada ao empreendedorismo]. Quando começaram a fazer contas, o prédio da Parede ficou posto de parte, já que “precisava de valentes obras” e o casal não tinha o capital necessário para investir. Era preciso fazer um empréstimo ao banco, e Rita e João queriam “evitá-lo a todo o custo”. A localização do prédio também “não era a melhor” e, com a noção de que “poderiam aparecer outros hosteis”, queriam “estar no sítio perfeito”.

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