Chama-se Turim Terreiro do Paço mas não fica no Terreiro do Paço. Fica perto e o nome tem enganado alguns taxistas que ainda não estão familiarizados com este espaço inaugurado em Dezembro passado. Na verdade, fica na Rua do Comércio e a decoração, mal se abrem as portas automáticas da entrada, lembra a origem e a construção dos edifícios oitocentistas, com uma amostra da gaiola pombalina.
O que diferencia este Turim dos outros da cidade? A localização e, por consequência, os preços, que são mais altos, responde Paulo Ferreira, director operacional.
Talvez por causa dos preços, ou por ser ainda recente, poucos portugueses têm escolhido este hotel com 50 quartos para ficar. São sobretudo os turistas holandeses, franceses, alemães e russos que têm contribuído para que esteja quase sempre cheio. Há falta de camas em Lisboa, sobretudo nesta zona, lamenta Paulo Ferreira. Por isso, em breve o hotel irá crescer e terá mais meia centena de quartos.
E as críticas têm sido positivas. Paulo Ferreira desvaloriza as quatro estrelas que categorizam o hotel, e sublinha as reacções dos clientes no Booking, o site internacional de reservas: “Referem o staff”, orgulha-se. Além disso, fica a “cinco minutos de tudo”, do Terreiro do Paço, do rio, da Baixa, da Sé.
O quarto onde a Fugas dormiu era pequeno, mas bem aproveitado – de um dos lados da cama, a mesa-de-cabeceira foi substituída por uma secretária com um banco. Mesmo ao lado da secretária está um cadeirão que impede chegar à janela – a vista é para o prédio da frente, que parece abandonado – e ao lado do cadeirão está uma mesinha redonda de vidro pela qual é preciso passar com cuidado para não batermos com as pernas ou para não nos desequilibrarmos e cairmos na cama.
Do outro lado do leito não há um roupeiro, mas um misto de um charriot com um móvel por baixo onde se encontra o minibar e o cofre.
E, para poupar espaço, o que divide a casa-de-banho do quarto é um vidro temperado e uma cortina transparente – se esta fosse opaca não incomodaria o companheiro de quarto, que ainda dorme, de cada vez que se vai à casa-de-banho e se acendem as luzes.
Mas nem todos os quartos são assim, há-os maiores e com vista para a Sé de Lisboa e máquina de café, informa o director.
Para já, o hotel serve apenas os pequenos-almoços e tem refeições leves para o resto do dia. A primeira refeição da manhã é tomada no rés-do-chão e as janelas dão para as ruas do Comércio e dos Bacalhoeiros. O sol convida a que nos sentemos numa dessas mesas, mas eis que um camião sobe o passeio e esconde o astro-rei por detrás da marca de frutas e legumes que vai descarregar naquela manhã. Quando a Câmara Municipal de Lisboa transformar a Rua dos Bacalhoeiros em pedonal, o hotel só terá a ganhar com isso. Então, Paulo Ferreira prevê abrir para o exterior uma esplanada e, nessa altura, já terá um restaurante a funcionar. Por enquanto não quer desvendar o segredo, mas será um espaço onde se poderá provar gastronomia de todo o país, promete.
A Fugas esteve alojada a convite do Turim Terreiro do Paço