No início de Agosto, um violento incêndio consumiu parte do que ainda restava do antigo Convento de São Paulo, no centro histórico da cidade alentejana. As chamas subiam acima das paredes do edifício votado ao abandono desde 2004, quando ali deixou de funcionar o Tribunal Militar de Elvas, precisamente dois dias depois de o ministro da Economia ali ter estado para assinar o primeiro memorando de entendimento no âmbito do Programa de Valorização do Património.
O Convento de São Paulo seria o primeiro de 30 edifícios públicos abandonados ou degradados a ser concessionado a privados para fins turísticos. Ia ser transformado em hotel, num investimento que ascendia a cinco milhões de euros.
O projecto, do grupo Vila Galé, foi agora tornado público e revelado em pormenor, cerca de dois meses depois do primeiro anúncio. A unidade hoteleira vai ter 64 quartos, dois restaurantes “com oferta gastronómica diferenciadora”, bar e adega, biblioteca, piscina exterior, spa com piscina interior e salão de eventos.
A decoração terá como tema as “fortificações portuguesas”, bebendo especial inspiração na cidade-quartel fronteiriça de Elvas, cujas fortificações foram classificadas como Património Mundial pela UNESCO em 2012.
De acordo com o grupo, o novo hotel vai criar entre “25 a 30 postos de trabalho” e tem abertura prevista para 2018.
“Decidimos candidatar-nos à recuperação do Convento de São Paulo porque queremos contribuir para revitalizar esta cidade cheia de história”, afirma em comunicado o presidente do conselho de administração do grupo Vila Galé. “Temos também apostado na recuperação e reabilitação do património edificado e que não está a ser devidamente aproveitado”, sublinha Jorge Rebelo de Almeida, indicando fazer igualmente parte da ambição do grupo “puxar pelo interior do país e por regiões menos consolidadas do ponto de vista turístico”.
O edifício foi construído entre os séculos XVII e XVIII e funcionou como convento até à extinção das ordens religiosas em Portugal. Mais tarde albergou o Tribunal Militar de Elvas, até 2004, acabando depois por ser votado ao abandono.