Há muitas razões pelas quais adoro o Algarve, esta é só uma delas: já passa das 21h, estou a jantar numa sala com largas janelas, vista mar, e ainda observo, lá ao fundo, dois vultos a caminhar junto à rebentação serena das ondas. Para quem, como eu, adora calor mas nasceu e vive e no Norte, deve ser a isto que se chama sonho de uma noite de Verão.
Estamos em Junho, ainda antes do solstício – e ainda antes das férias que arrastam meio Portugal para Sul. Ou seja, estamos num Algarve a aquecer os motores para o período estival, com tudo o que isso implica: o tempo está óptimo, um meio termo delicioso, ainda há muitas praias quase vazias e a ocupação hoteleira também é simpática. Veja-se o caso do Nau Salema Beach Village, no concelho de Vila do Bispo, onde estamos ancorados numa moradia com dois quartos: não estamos propriamente sozinhos – logo no dia em que chegamos, pelas 15h, vemos alguns hóspedes a aproveitar a piscina comum, ali mesmo ao pé do bar –, mas perto da nossa casa, a número 22, não encontramos vizinhança. É claro que em Agosto o cenário há-de ser ligeiramente diferente, mas só podemos falar do que vimos.
E o que vimos (e experimentámos) foi isto: uma vivenda muito confortável com dois quartos no piso inferior, ambos com acesso à varanda, onde duas espreguiçadeiras olham o mar. Os quartos são simples e funcionais e na casa de banho que serve um deles há uma banheira de hidromassagem. É no andar de cima, contudo, que mais gostamos de estar. A cozinha tem tudo o que é preciso para estadias mais ou menos longas, desde a máquina de lavar roupa até à máquina de café de cápsulas. Quando chegamos, temos uma fruteira recheada: maçãs, kiwis, laranjas, abacaxi.
Trincamos uma maçã e continuamos a fazer o reconhecimento. A sala de estar está de frente para uma enorme televisão e a mesa de refeições voltada para as janelas de que há pouco falávamos, tudo decorado com sobriedade. Mas o melhor é o que está lá fora: o terraço que obriga o olhar a pousar na praia da Salema é magnético, mesmo quando, à noite, sopra um ventinho que arrepia ligeiramente.
A proximidade à praia é mesmo o grande trunfo deste Nau Beach Village, que abriu em Abril de 2016, pondo fim a um ponto negro que há muito assombrava a Salema: está instalado onde antes existia um empreendimento há vários anos completamente degradado. A Nau Hotels & Resorts tornou-o o Salema Beach Villages, 114 moradias equipadas em regime de self catering dispostas ao longo de uma colina com ligeiro declive que proporciona, em alguns casos, irresistíveis vistas de mar.
Mas voltemos à praia. Do lugar onde estacionamos o carro até à moradia 22, são 106 degraus para galgar. Até ao areal, dois minutos a descer, uns seis a subir. Mas há shuttle a cada hora para baixo e às meias horas para cima. E quem quiser pode sempre ligar para a recepção e pedir um buggy – que será útil para quem tiver crianças e toda a parafernália que sempre implica uma ida à praia.
Nós por cá ainda temos pernas para subir e para descer. Em Junho, a praia da Salema é quase um deserto para os padrões algarvios. O sol não escalda, há um ventinho quente, que tempera, e o mar está azul-azulinho. Para o primeiro banho do ano em Portugal, não se esteve nada mal.