Fugas - Motores

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Todos juntos em modo ecológico

Por Carla B. Ribeiro

É um Prius. Por isso, já se sabe: chega com ambições ecológicas ao unir um motor eléctrico a outro a gasolina. Mas agora cresceu e está pronto para receber famílias. Mesmo as numerosas.

Auto-estrada, serra sinuosa, confusão urbana. Seria de esperar que em algum destes ambientes o monovolume híbrido de sete lugares da Toyota se sentisse mais melindrado. Mas ao longo de cinco dias iríamos descobrir que o Prius+ não só cumpre as suas grandes ambições familiares como se adapta facilmente a qualquer tipo de traçado e correspondendo sempre às solicitações do condutor.

Com um bónus: a possibilidade de no meio do verde se desfrutar de uma condução totalmente ecológica. Embora, admita-se, o gosto dure muito pouco: mesmo com as baterias totalmente carregadas e a velocidades comedidas, depressa se está de volta ao modo de combustão.

Por isso, não é possível falar de uma verdadeira poupança: embora o consumo misto avançado pela marca seja de 4,4 litros a cada cem quilómetros, em viagem depressa se atira para valores acima dos sete. Mas para um uso estritamente urbano pode tornar-se uma mais-valia: a regeneração de energia é rápida e se as necessidades passam por percursos curtos então é muito possível que se consiga tirar proveito do modo híbrido.

Para além das baixas emissões poluentes, o Prius+ é também silencioso no arranque. Mas há muito mais. Primeiro, a bateria de hidretos metálicos de níquel foi trocada por uma de iões de lítio. Isto significa que a bateria requer menos espaço — e até a conseguiram encaixar entre os dois lugares dianteiros (ver detalhe) —, mas também que está mais leve em oito quilos. O que, dadas as avantajadas dimensões do veículo — tem 461,5cm de comprimento — e o seu peso de 1565 kg, não é de desprezar.

Mas a principal diferença entre este e o Prius convencional reside, claro, naquele “+” (leia-se Plus) que altera por completo a traseira, com o spoiler a alinhar na continuidade do tejadilho, e acrescenta à berlina dois lugares, sem os deixar espremidos. É que quem segue na terceira fila apenas se pode queixar de ser o único ocupante do carro com a verdadeira noção das dimensões do mesmo. De resto, as entradas e as saídas são facilitadas pelo sistema de deslocação dos bancos da segunda fila e o conforto é garantido pelos materiais usados (mais ainda nesta versão, com bancos em pele), mas também em muito pela revista suspensão: os buracos ou as lombas que ornamentam as estradas, e que noutros veículos dão para uns saltinhos traseiros acompanhados pelos respectivos “ais” e “uis”, passam totalmente despercebidos.

Mas pode-se sempre questionar: para quê um monovolume de sete lugares quando a família tem apenas quatro ou cinco elementos? Se é verdade que um lugar extra pode dar sempre jeito, no caso do Prius+ a vantagem assenta ainda no tamanho da sua mala: com cinco lugares consegue oferecer uma capacidade até 784 litros (mas atenção: a marca avança com o valor até ao tecto), o que para uma família de cinco não é nenhum exagero.

Mas sentemo-nos aos comandos: o banco facilmente se ajusta, quer em altura quer em profundidade, assim como o volante, e todo o painel parece desenhar-se à nossa frente com o objectivo de nos facilitar a vida. É fácil perceber os botõezinhos e para o que servem e, nesta versão, o head up display (mostrador projectado no vidro do carro, em linha com o olhar) dá uma franca ajuda. Assim que se arranca percebe-se, no entanto, que a caixa de velocidades de variação contínua, que apresenta um funcionamento diferente do que se observava na berlina, não é tão reactiva quanto os 136cv nascidos do casamento entre os motores de combustão interna e eléctrico mereciam. E quando se engata a marcha à ré pela primeira vez depressa se conclui que o que se quer mesmo é andar para a frente. É que é tal e qual uma carrinha de caixa aberta com aquele pi-pi-pi-pi incessante a acompanhar a manobra. E, não obstante o avantajado comprimento do carro, não se compreende tal banda sonora. Por isso, uma decisão logo nos primeiros cinco minutos: estacionar, só de frente!

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