Fugas - Motores

  • Daniel Rocha
  • Daniel Rocha
  • Daniel Rocha
  • Daniel Rocha
  • Daniel Rocha

Pequenino e espevitado

Por João Palma

É um citadino por excelência, com uma brecagem só comparável à do seu “irmão” smart forfour: quase gira sobre si mesmo. E na versão mais potente, a que conduzimos, também se porta muito bem em estrada. O único senão do Renault Twingo 0.9 TCe Sport 90cv é o consumo.

A terceira geração do Renault Twingo e a segunda do smart forfour, ambos produzidos na fábrica eslovena de Novo Mesto da Renault e partilhando 65% dos componentes, apresentam uma notável melhoria em relação aos modelos que substituem. Sendo ambos atractivos, com as diferenças mais marcantes no visual, optar por um ou por outro é mais uma questão de gosto. A Fugas conduziu a versão topo de gama do Twingo, Sport, com o motor 0.9 tricilíndrico de 90cv e um preço-base de 14.450€.

Foi um casamento feliz, o da Renault com a Daimler, do qual resultaram dois filhos, os novos smart e Twingo. Os pequenos citadinos estão cada vez mais requintados, com características, uso de materiais e acabamentos que os aproximam dos veículos considerados premium, em especial nas versões topo de gama, como foi o caso do Twingo que conduzimos. E se entre algumas gerações de outros modelos se pode notar alguma evolução na continuidade, este Twingo III faz um corte radical com o passado.

Este é um carro moderno, tanto nos aspectos positivos como nos negativos. Nesta vertente, há que mencionar a inclusão de um muito questionável kit de reparação de pneus, agora infelizmente na moda, em vez de um pneu sobresselente normal ou uma roda de emergência. Outra “modernice retro” é a ausência de conta-rotações, que, sendo dispensável num veículo com caixa automática, é um muito útil auxiliar de condução num carro com caixa manual, não sendo substituível pelo indicador de mudança de velocidade como certos fabricantes alegam. Outra opção questionável é a da tampa da mala só se abrir com o comando, não existindo uma fechadura manual. Se falhar (por exemplo, por esgotamento da pilha), só se pode aceder à mala pelo interior do carro, rebatendo os bancos traseiros numa operação algo complicada.

É claro, porém, que os pontos positivos superam em muito os negativos, fazendo deste Twingo um carro muito melhor que o da anterior geração. Comece-se pelo motor, turbo de injecção multiponto da nova geração de propulsores tricilíndricos. Acoplado a uma bem escalonada e elástica caixa manual de cinco velocidades, com 898cc, debita 90cv e tem o binário máximo de 135Nm logo às 2500 rpm. Isto quer dizer que tem potência disponível logo a baixas rotações e não vai abaixo com facilidade. É verdade que é algo ruidoso, em especial no arranque e nas relações mais baixas, e que o consumo real é bastante superior ao anunciado aos 4,3 l/100km anunciados pela marca: cerca de 6,5 l/100km mesmo com o sistema Start/Stop de paragem e arranque automáticos do motor e um modo Eco economizador da condução. Em contrapartida, é vivo, enérgico, com boas performances em recuperações e ultrapassagens, o que, associado a uma direcção directa, faz com que se despache muito bem não só em cidade mas também em estrada.

Outros factores que proporcionam maior guiabilidade e estabilidade são a tracção traseira e a colocação do motor também atrás, sob a mala. Isso permite um maior espaço para os dois passageiros atrás (por ausência de túnel de transmissão), uma melhor distribuição de peso, com consequente aumento da estabilidade e um bom comportamento em curva, para o que também contribui a excepcional brecagem deste veículo.

--%>