Fugas - Motores

O rugido do leão

Por João Palma

A versão desportiva do Carro Internacional do Ano 2014 junta às qualidades que valeram a distinção ao Peugeot 308 mecânica e motores que o colocam num plano superior. Bem equipado, alia à performance facilidade e prazer de condução.

Parafraseando George Orwell: “Todos os carros são iguais, mas uns são mais iguais que outros.” É o caso do Peugeot 308 GT, que conduzimos agora na versão berlina com o motor diesel de 1997cc de 180cv e caixa automática de seis relações. Já tínhamos experimentado o 308 GT carrinha com o motor 1.6 de 205cv a gasolina acoplado a uma caixa manual de seis velocidades e ambas as versões e motorizações nos deixaram impressões muito positivas.

Em Portugal, as preferências recaem na carrinha a gasóleo. A carrinha custa mais mil euros face à berlina, há ligeira diminuição nas performances e consumos um pouco mais elevados. Em compensação tem mais espaço interior, com destaque para o aumento da mala (470 litros para 398 litros).

Já no que toca à comparação entre gasolina e gasóleo, o caso pia mais fino: o 308 GT e-THP de 205cv custa 32.310€, o 2.0 BlueHDi de 180cv, 39.880€. Por ocasião da apresentação internacional, os responsáveis da Peugeot apresentaram um estudo demonstrando que, face à diferença de preços de aquisição, custos e consumos de gasolina e gasóleo, só a partir dos 166.000km é que o gasóleo começa a compensar — isto é, a uma média de 15.000km anuais, só depois de 11 anos… É claro que esta diferença se esbate com o valor de retoma, mas ainda assim há que fazer bem as contas.

Em performances, a gasolina bate o diesel com 205cv contra 180cv de potência, velocidades máximas de 235 km/h para 220km/h, aceleração dos 0 aos 100km de 7,5s face a 8,4s. Uma vantagem do 308 GT a gasóleo para quem privilegie a comodidade de condução é trazer de série uma caixa automática de seis relações (com opção de condução manual por patilhas no volante) e o 308 GT a gasolina vir com uma caixa manual de seis velocidades. Ambas as motorizações oferecem potência, rapidez de reacção e suavidade de funcionamento (embora a versão a gasolina reaja um pouco mais prontamente a baixas rotações).

Cingindo-nos ao Peugeot 308 GT 2.0 BlueHDi que agora conduzimos (embora muito do que se diga também se aplique à versão a gasolina), ele beneficia do novo chassis e suspensão dos restantes 308, mas com menor distância ao solo (-7mm) e amortecedores mais duros. Ainda assim, em modo de condução normal, é suave no arranque e muito confortável, com a suspensão a absorver bem as irregularidades do piso. Para esta versão apimentada do Peugeot 308 não há subidas — é sempre a acelerar. Nas reduções e acelerações mais bruscas pode-se notar um pequeníssimo soluço nas mudanças de velocidade da caixa automática mas nada que comprometa o seu desempenho.

Sendo muito fácil de conduzir, com uma resposta muito directa e excelente estabilidade em curva, até pelo volante de dimensões reduzidas, há a sensação de que se está a conduzir um kart. Mas a resposta está de acordo com o condutor: uma senhora idosa que odeie velocidades sentir-se-á à vontade atrás do volante; para quem tenha o pé mais pesado o carro reagirá em conformidade. Já no modo Sport o leão sente-se picado: na assistência da direcção, na resposta mais rápida ao acelerador, na mudança de branco a vermelho da cor das indicações dos painéis de instrumentos, que passam a apresentar dados de condução desportiva (pressão da sobrealimentação, a potência e o binário máximo, aceleração longitudinal e transversal) e até no rugido do motor.

No que se refere a consumos, obtivemos uma média muito superior (6,9 l/100km) à oficial. Porém, temos que confessar os nossos “pecados”: não resistimos a “picá-lo” em estradas sinuosas de montanha. É possível fazer médias na casa dos 5,0 l/100km? Talvez, mas é muito difícil resistir ao canto da sereia e não desfrutar do prazer de condução que esta berlina desportiva pode proporcionar.

Este veículo vem muito bem equipado de série. Entre outras coisas: acesso e ligação mãos-livres, sensores de estacionamento traseiro e dianteiro, climatizador bizona, ecrã táctil de 9,7’’ multifunções com sistema de navegação, bancos desportivos em couro/Alcantara, pedais em alumínio, travão de estacionamento eléctrico, assistência ao arranque em subida, faróis em LED, jantes de liga leve de 18’’, vidros escurecidos e tecto panorâmico. As únicas opções no veículo que conduzimos eram o Driver Assistance Pack (500€, regulador de velocidade activo, Alerta de Risco de Colisão e Travagem Automática de Urgência) e o pacote com câmara de marcha-atrás, aviso de ângulo morto, leitor de CD e Peugeot Connect Box (440€). O Peugeot 308 obteve em 2013 o máximo de 5 estrelas nos testes de segurança do Euro NCAP com 92% na protecção dos ocupantes, 79% nas crianças, 64% nos peões e 81% nos dispositivos auxiliares de segurança.

Ficha Técnica*

Motor: 4 cil. em linha, 16v, 1997cc

Combustível: Gasóleo

Potência: 180cv às 3750 rpm

Binário: 400 Nm às 2000 rpm

Transmissão: caixa automática de 6 relações

Tracção: Dianteira

Veloc. máx: 220 km/h

Aceleração 0/100 km/h: 8,4s

Consumo médio: 4,0 l/100 km

Emissões CO2: 103 g/km

Preço: 39.880€ (viatura ensaiada, 40.820€)

* Dados do construtor

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