Parafraseando George Orwell: “Todos os carros são iguais, mas uns são mais iguais que outros.” É o caso do Peugeot 308 GT, que conduzimos agora na versão berlina com o motor diesel de 1997cc de 180cv e caixa automática de seis relações. Já tínhamos experimentado o 308 GT carrinha com o motor 1.6 de 205cv a gasolina acoplado a uma caixa manual de seis velocidades e ambas as versões e motorizações nos deixaram impressões muito positivas.
Em Portugal, as preferências recaem na carrinha a gasóleo. A carrinha custa mais mil euros face à berlina, há ligeira diminuição nas performances e consumos um pouco mais elevados. Em compensação tem mais espaço interior, com destaque para o aumento da mala (470 litros para 398 litros).
Já no que toca à comparação entre gasolina e gasóleo, o caso pia mais fino: o 308 GT e-THP de 205cv custa 32.310€, o 2.0 BlueHDi de 180cv, 39.880€. Por ocasião da apresentação internacional, os responsáveis da Peugeot apresentaram um estudo demonstrando que, face à diferença de preços de aquisição, custos e consumos de gasolina e gasóleo, só a partir dos 166.000km é que o gasóleo começa a compensar — isto é, a uma média de 15.000km anuais, só depois de 11 anos… É claro que esta diferença se esbate com o valor de retoma, mas ainda assim há que fazer bem as contas.
Em performances, a gasolina bate o diesel com 205cv contra 180cv de potência, velocidades máximas de 235 km/h para 220km/h, aceleração dos 0 aos 100km de 7,5s face a 8,4s. Uma vantagem do 308 GT a gasóleo para quem privilegie a comodidade de condução é trazer de série uma caixa automática de seis relações (com opção de condução manual por patilhas no volante) e o 308 GT a gasolina vir com uma caixa manual de seis velocidades. Ambas as motorizações oferecem potência, rapidez de reacção e suavidade de funcionamento (embora a versão a gasolina reaja um pouco mais prontamente a baixas rotações).
Cingindo-nos ao Peugeot 308 GT 2.0 BlueHDi que agora conduzimos (embora muito do que se diga também se aplique à versão a gasolina), ele beneficia do novo chassis e suspensão dos restantes 308, mas com menor distância ao solo (-7mm) e amortecedores mais duros. Ainda assim, em modo de condução normal, é suave no arranque e muito confortável, com a suspensão a absorver bem as irregularidades do piso. Para esta versão apimentada do Peugeot 308 não há subidas — é sempre a acelerar. Nas reduções e acelerações mais bruscas pode-se notar um pequeníssimo soluço nas mudanças de velocidade da caixa automática mas nada que comprometa o seu desempenho.
Sendo muito fácil de conduzir, com uma resposta muito directa e excelente estabilidade em curva, até pelo volante de dimensões reduzidas, há a sensação de que se está a conduzir um kart. Mas a resposta está de acordo com o condutor: uma senhora idosa que odeie velocidades sentir-se-á à vontade atrás do volante; para quem tenha o pé mais pesado o carro reagirá em conformidade. Já no modo Sport o leão sente-se picado: na assistência da direcção, na resposta mais rápida ao acelerador, na mudança de branco a vermelho da cor das indicações dos painéis de instrumentos, que passam a apresentar dados de condução desportiva (pressão da sobrealimentação, a potência e o binário máximo, aceleração longitudinal e transversal) e até no rugido do motor.