Fugas - Motores

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Garra leonina a destroçar corações

Por Carla B. Ribeiro

O que se pode esperar de um pequeno familiar quando se alimenta o seu espírito com doses generosas de potência e uma dinâmica digna de um desportivo? Um carro que, mais que um meio de transporte, se revela capaz de despertar arrebatadoras paixões.

Assim que nos sentamos ao volante deste pequeno carro, tudo à nossa volta parece tentar conquistar-nos. E, confessemos, nem é assim tão difícil: às primeiras aceleradelas e travagens já estamos rendidos.

O Peugeot 308, um pequeno familiar do segmento C que somou prémios e mais prémios desde o lançamento da nova geração, consegue ser um carro ecléctico, capaz de conquistar os gostos de uma família, interessada no conforto e na segurança, sobretudo dos pequenos passageiros do banco traseiro, assim como de uma camada mais jovem, que se deixou conquistar pelo espírito aguerrido de um corpo capaz de revelar uma impressionante dinâmica. Mas esta versão, desenvolvida pelos especialistas da Peugeot Sport, leva o dinamismo a outro patamar e traz de volta à ribalta o conceito GTi da marca francesa.

Com um bloco a gasolina 1.6 e-THP de quatro cilindros em linha com uma potência equivalente a 270 cv e um binário máximo de 330 Nm, o Peugeot 308 GTi acelera dos 0 aos 100 km/h em 6,0s, percorrendo os primeiros mil metros nuns impressionantes 25,35 segundos. Valores que andam a par e passo com os seus concorrentes mais directos: o Cupra da Seat, com um bloco 2.0 a gasolina de 280cv, cumpre a aceleração dos 0 aos 100 em 5,9s e os mil metros em 25,4s, enquanto o Golf GTI, menos potente (220cv também num motor de 2.0 litros), faz a aceleração dos 0 aos 100 km/h em 6,5s.

E quando não nos inibimos de carregar no acelerador depressa se percebe a disponibilidade do propulsor, fruto de uma pressão de injecção elevada aos 200 bar. Isto significa que a potência não esmorece seja qual for o regime em que se siga, cortando apenas às 6500rpm. Já a disponibilidade do binário, que começa às 1900rpm, estende-se até às 5500rpm. Outro factor importante no seu comportamento é a relação peso/potência, com 4,46kg para cada cavalo.

Com o sangue na guelra e tanta potência disponível até se poderia temer que o carro ganhasse vida própria, mas isso não é verdade. Mesmo requerendo alguma habituação, o carro deixa-se dominar facilmente e depressa se consegue tirar partido de todos os seus atributos sem que se sinta o perigo por perto. Aliás, tanto estabilidade como aderência são características que podem ser testadas a todo e qualquer instante. A contribuir para esse facto estão as vias alargadas — 1570mm à frente e 1554mm atrás —, a adopção de pneus Michelin Super Sport (235/35 R19) e um sistema de travagem revisto com discos dianteiros ventilados com um diâmetro de 380mm. Atrás, os discos têm um diâmetro de 268 mm. De referir que a travagem é quase instantânea e há que domar bem o pé para não se correr o risco de andar aos solavancos. Claro que também se pode olhar para esta característica pelo lado positivo: com uma resposta tão certeira por parte dos travões é difícil não abusar do acelerador.

Em curva, o dinamismo do 308 pode ser posto à prova sem medos: a suspensão independente, à frente pseudo-McPherson e atrás de travessa deformável, assegura a precisão do rolamento.

Mas nem só de potência e de especificidades técnicas se faz um desportivo. Por isso, a imagem do 308 GTi foi trabalhada no sentido de lhe proporcionar uma silhueta mais musculada, embora bastante discreta tendo em conta do que é capaz.

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