Na Opel desde 1998, é desde há três anos o gestor de produto do grupo para veículos como o Astra, o Karl ou o Mokka. Numa pequena conversa, à margem do Salão, explicou à Fugas como criar um produto com a confiança como base.
Carro do Ano em Portugal, Carro Internacional em Genebra, além de outros reconhecimentos. Como vê este sucesso do Astra?
É um bom reconhecimento ao fim de alguns anos a trabalhar no projecto. É muito importante pela projecção da imagem e, por outro lado, é um sinal de que podemos confiar para prosseguirmos os passos que tomámos. Algumas decisões foram difíceis, e estes prémios dizem-nos que caminhámos na direcção certa.
Com dificuldades se deparou no papel de gestor de produto?
Tive de tomar a decisão de me mudar para a Alemanha, ainda por cima para começar com um projecto que, costumo dizer, era um teste. Tratava-se de um novo segmento, já que o primeiro carro em que trabalhei foi o Mokka. Era um caminho completamente desconhecido para a Opel. Mas o maior desafio chegou com o Astra – também estive envolvido no projecto do Karl, mas receber o Astra foi um sinal de confiança da marca no meu trabalho. Até porque o Astra insere-se num segmento onde não pode haver falhas e em que é necessário fazer à primeira tudo bem. Por exemplo, decidir que o Astra não teria motores superiores aos 1.6 litros, para fazer face às obrigações relativas às emissões, roubou-me algumas noites de sono. Outra decisão complicada foi determinar que o carro não teria jantes superiores a 18’’ – parece uma coisa de nada, mas vem alterar o posicionamento do modelo.
O Astra é carro para a Europa?
É um produto exclusivamente europeu, embora faça parte de uma plataforma global, a Delta 2, concebida na Alemanha, que será a base de outros produtos para serem vendidos noutros pontos do mundo e sob outras marcas: caso da Holden na Austrália ou da Buick na China e nos EUA.
Antes do lançamento desta nova geração quais eram os principais receios?
Sem dúvida que o Astra é um produto desafiante, e isso só por si origina alguns receios. Mas também se insere num segmento em que a Opel tem uma base de conhecimento muito sólida, além de enorme feedback dos clientes. Quando começámos, sabíamos exactamente quais os pontos que os clientes menos gostavam da geração anterior. É por aí que se começa: corrigir o que está mal. E concluímos que não bastava mudar o design ou os motores. Era necessário começar a partir de uma nova plataforma.
O primeiro projecto que geriu, o Mokka, é um modelo bem-sucedido excepto em Portugal, onde é penalizado por ser classe 2 nas portagens. É uma sensação agridoce?
A altura do capot no caso do Mokka não é uma questão de estilo, mas de segurança, que permite melhorar a protecção de peões. E, cada vez mais, assistiremos a casos semelhantes, com as exigências relativas à segurança. Por isso não se compreende a legislação portuguesa, que penaliza a altura do capot, que pode ser a diferença entre salvar ou não a vida a um peão, em vez do peso, esse sim responsável pelo desgaste do asfalto.