Rute Novais, organizadora da iniciativa, cuja primeira edição aconteceu em 2006, conta que o principal objectivo deste mercado é estimular a contemplação e permitir que as pessoas relaxem num ambiente com influências do Norte de África, do Oriente e do Extremo Oriente. Para Rute, o Castelo de São Jorge é "um sítio perfeito" para realizar este mercado. "É uma tâmara no topo no cuscuz", brinca. O "mistério e a magia destas paredes de pedra, os arcos e as pontes levam-nos mais para o imaginário do souk".
Neste souk - mercado árabe - vestuário, acessórios, artigos de decoração, artesanato, sementes e plantas com propriedades medicinais e diferentes tipos de massagens orientais são algumas das coisas que vai poder encontrar. Há ainda um espaço dedicado a pinturas com henna e cachimbos com tabaco aromatizado e que "é acima de tudo um local para as pessoas descansarem um bocadinho", quem o diz é Cristina Coelho, que desde há seis anos faz pinturas com henna. Em 2002, Cristina Coelho viajou pela primeira vez para Marrocos e conta que quando regressou a Portugal a sua vida mudou totalmente. "Deixei o fato e a gravata, como costumo dizer".
No palco, música tradicional marroquina e vários tipos de dança oriental, como a dança tradicional indiana, a dança de fusão ou folclórica, bem como viagens sonoras, que segundo Rute Novais "são concertos onde as pessoas são convidadas a deitarem-se no palco ou junto ao palco e a usufruírem de instrumentos que são oriundos da índia, da Tailândia" e peças de teatro são propostas para ver, ouvir e sentir ao longo de três dias. "Podemos ficar a olhar para uma árvore e imaginá-la a dançar, porque elas têm cintos de medalhas à volta", afirma Rute com um sorriso.
Um restaurante com comida e chás tipicamente árabes e muitos doces conventuais, como o pão-de-ló, a sericaia, as trouxas-de-ovos ou os suspiros esperam também fazer as delícias de quem visitar esta feira. Muitos deles turistas, que vêm ver o Castelo e são surpreendidos por este mercado. Foi o caso de Adelaide, que veio mostrar este monumento histórico da cidade de Lisboa à irmã e ao cunhado que vieram da Venezuela. "Todo este cenário dá mais vida ao castelo e devia haver mais vezes", afirma.
Uns vêm por acaso ou por curiosidade, outros porque se interessam pelo mundo árabe e oriental, como é o caso de Joana, uma jovem que pratica danças orientais e que soube desta iniciativa através do facebook e de alguns amigos. "Tem artigos muito giros, tem coisas diferentes, muito típicas", afirma.
Rute Novais espera que este mercado favoreça ainda mais a união dos portugueses com as suas raízes árabes e que atraia mais visitantes nacionais ao Castelo de São Jorge. Em futuras edições, para além de ter contadores de histórias e concursos de poesia, Rute Novais quer ter "objectos diferentes e novos" e "convidar artesãos internacionais". "Vamos pouco a pouco".
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O Castelo de São Jorge é um souk