De acordo com as estatísticas do Turismo de Portugal, o preço médio de um aposento (o que abrange todo o tipo de empreendimentos turísticos), situou-se em 114,76 euros entre Abril e Junho - menos 0,9 por cento do que no mesmo período de 2010. Apesar de ter sido uma quebra ligeira, o facto de ainda se verificar uma redução de tarifas num momento em que o sector estará a recuperar fôlego indicia que os estabelecimentos hoteleiros estão a conseguir atrair mais hóspedes à custa de um emagrecimento das receitas.
No segundo trimestre de 2011, as maiores descidas nas tarifas aconteceram nas pousadas, que tiveram uma diminuição média de 12,4 por cento, em comparação com o ano passado. A região mais afectada foi o Alentejo, onde o preço médio por aposento caiu 13,6 por cento, para 102,71, quando se situava em 118,91, entre Abril e Junho de 2010.
Numa entrevista recente ao PÚBLICO, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal, Miguel Júdice, admitiu que a estratégia de encolher os valores das estadias continua a caracterizar o sector, num momento em que as empresas têm de se esforçar para manter os estabelecimentos no activo. "Não havendo procura e havendo muita capacidade instalada livre, há uma tendência natural para descer, da mesma forma que as lojas de roupa fazem saldos", afirmou.
O responsável, que é também presidente do grupo hoteleiro Lágrimas, acredita que "vai haver uma nova degradação de preços este ano", apesar de garantir que este tipo de política não é consensual. "Os hotéis adorariam não ter de fazer saldos e tentam não os fazer, mas a pressão dos custos leva-os a ter de optar por estratégias de curto prazo, com o risco que acarretam", disse. As diferenças nas tarifas são ainda mais acentuadas quando comparadas com as que eram praticadas antes de a crise eclodir. Entre 2007 e 2008, a hotelaria nacional assistiu ao último aumento substancial de preços, tendo-se registado, nessa altura, subidas que chegaram a 40 por cento. A partir de então, os valores têm vindo a cair consecutivamente.
Comparando os preços praticados actualmente com os de 2008, verifica-se que há diferenças superiores a 36 por cento, no caso das tarifas praticadas pelos aparthotéis portugueses para estadias em alojamentos T1, o que corresponde a menos 68,42 euros por noite.
Já o preço médio dos hotéis desceu 12,7 por cento, passando de 145,1 para 126,61 euros, de acordo com os dados do Turismo de Portugal. Face aos valores pré-crise, a região que mais tem sido penalizada pela queda de preços é Lisboa, que teve uma redução média de 21,5 por cento entre 2008 e o segundo trimestre deste ano.
Naquela altura, a tarifa média praticada pelas unidades hoteleiras era de 204,3 euros. E, agora, caiu para 160,45 euros. Na capital, os estabelecimentos mais afectados são os hotéis cinco estrelas, cuja descida de valores supera a média, fixando-se em 23,5 por cento, ou seja, menos 91,49 euros cobrados aos hóspedes.
Há algumas excepções à tendência generalizada de redução de tarifas. Nos Açores, o preço médio das unidades subiu 3,4 por cento face a 2008, situando-se agora em 125,53 euros. O mesmo se passou no Algarve, embora com um aumento mais tímido: 1,7 por cento, para 147,59 euros.