"A ‘Wallpaper’ tem-se apercebido do investimento em novos projectos por todo o país”, comentou, à Fugas, Pei-Ru Keh, editor de Beleza e Lifestyle da revista, responsável também pela edição da nova incursão wallpaperiana ao espaço português. Canadiana e com impacte nas tendências mundiais, a “Wallpaper” seleccionou, para a edição de Novembro, dez países, criando, além de capas exclusivas, um top 20 de cada um – além de Portugal, foram escolhidos Argentina, Canadá, China, França, Holanda, África do Sul, Suécia, Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos.
Na edição portuguesa, a capa destaca as "20 razões para estar em Portugal" num top que reúne design, hotelaria, enoturismo ou gastronomia. Até porque, sublinha Pei-Ru Keh, “Portugal tem uma forte vertente gastronómica”, salientando ainda que “na área do design, a Bienal Experimenta Design está a ganhar relevo". O editor reforça que, em Londres, uma equipa de jornalistas está “atenta” ao que vai acontecendo por Portugal e que, além disso, conta com colaboradores no país, especializados em áreas como moda, turismo, gastronomia ou lifestyle.
Os destaques Wallpaper
Registado para a “Wallpaper” pelo fotógrafo Alberto Plácido, o Douro é a abertura do top 20 luso, sob o mote de vinhas românticas e graças à Quinta do Vallado e à inovação da extensão da sua adega, projectada pelo arquitecto Francisco Vieira de Campos. A extensão, encastrada no declive da vinha, “integra-se na paisagem tanto quanto é possível”.
As unidades hoteleiras recebem largo espaço na lista, do charme dos hotéis cosmopolitas a moradias recuperadas "no meio do nada". A Casa do Conto, na Cedofeita do Porto, vê reconhecido o mérito dos seus quartos "modernos" e "cheios de luz" assinados pelo colectivo Pedra Líquida. Já as Casas do Coro (Guarda), a Casa do Rio Vez (em pleno Parque Nacional da Peneda-Gerês) ou a Companhia das Culturas (São Bartolomeu, Algarve), entram também no top como “idílios rurais”. O que têm em comum? Projectos, considerados notáveis, de adaptação do design contemporâneo à envolvente rural. Num oposto plano urbano, realçam-se as casas desenhadas por Ricardo Bak Gordon na freguesia lisboeta de Santa Isabel.
Já "reinventar a riqueza gastronómica do seu país com novas técnicas e um toque pessoal" é a principal capacidade que a “Wallpaper” atribui a José Avillez, que hoje tem o seu próprio Cantinho e se prepara para reabrir o Belcanto no Chiado. Destaque também para Diogo Noronha e Nuno Bergonse, do restaurante Pedro e o Lobo, pela sua “abordagem refrescante da cozinha portuguesa” e pelo espaço “elegante” e janelas art déco. Encanto também reconhecido à Quinoa, padaria biológica lisboeta com “o melhor pão orgânico da cidade”. No Porto, a revista não resiste ao retro feel do Café Vitória; o mesmo que terá encontrado no projecto e produtos da Antiga Barbearia de Bairro.
Reactualizar tradições deixadas para trás é a prerrogativa de outras posições da lista. Caso das conservas José Gourmet, em que até o design das embalagens, por Adriano Ribeiro e Luís Mendonça, são “um festim para os olhos”. Ou das clássicas e recuperadas garrafas de groselha e capilé que se podem encontrar num dos Quiosques de Refresco de Lisboa. Ou do design das embalagens e qualidade de bombons, trufas, macarons ou grandes tabletes da Chocolataria Equador, do Porto. Pelos domínios da moda, a revista aponta a Espaço B, loja "conceptual e vanguardista” do Príncipe Real ou o "estilo urbano" e "silhuetas estruturais" do designer de moda Ricardo Dourado.
A vontade de explorar o que há de mais português atraiu a atenção da revista, no que diz respeito ao design da cortiça, realçando a Materia, nascida do grupo Amorim e da Experimenta Design, uma aposta na internacionalização da cortiça por designers de renome. Já João Bruno Videira vale uma referência pela sua marca Água de Prata, sob a qual produz peças de mobiliário "contemporâneas" e "arrojadas".
Na selecção da “Wallpaper” entram ainda o Centro Champalimaud, tanto pela sua arquitectura como pela investigação inovadora, e a Capital Europeia da Cultura 2012, Guimarães.
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