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Animação do Mercado da Ribeira em banho-maria até 2013

Por Ana Henriques

Revista Time Out justifica atraso com trâmites burocráticos, mas crise também pesou no desacelerar de investimento de quatro milhões. Na autarquia, o projecto é para manter.

A transformação do mercado da Ribeira num espaço dedicado ao lazer, com restaurantes, discoteca e uma academia, vai ter de esperar até 2013. A adaptação do recinto às novas funções revelou-se mais complexa do que esperavam os responsáveis da revista Time Out, que anunciaram a abertura do mercado para o início de 2012 depois de ganharem o concurso lançado pela Câmara de Lisboa para o remodelarem e explorarem.

O director da publicação, João Cepeda, justifica o atraso com "trâmites burocráticos". A crise que o país atravessa também terá pesado no desacelerar do investimento de quatro milhões de euros em obras, a que há que juntar uma renda mensal de 12 mil euros. "Tivemos de fazer o projecto de segurança de todo o edifício, e não apenas da parte que vamos ocupar", refere o director da Time Out, assegurando que o projecto não está "nem congelado nem suspenso".

Poderá, no entanto, sofrer algumas alterações motivadas pelo cenário económico: "Algumas mudanças têm a ver com o contexto de crise, e poderão passar por um reforço da parte turística" do negócio, como a vertente gastronómica. "Mas não queremos fazer disto um projecto exclusivamente turístico", frisa João Cepeda.

Além de um food court para refeições rápidas, será ainda criado na Ribeira um espaço multi-usos para conferências e exposições. Também estão previstas lojas, que se juntarão às que já aqui existem, e um restaurante. A função para que o recinto foi criado, já lá vão 129 anos, será mantida: os vendedores de peixe, carne, fruta e legumes continuarão no mercado.

Zona cool e trendy

"Agora que está resolvido o problema da segurança, como as escadas de incêndio e as saídas de emergência, levarei o projecto de arquitectura à câmara em Janeiro. A obra deve começar lá para o Verão", estima o vereador responsável pelos Mercados, José Sá Fernandes, acrescentando: "Estou com esperança de a requalificação terminar no final de 2012. Na pior das hipóteses ficará pronta no primeiro trimestre de 2013".

O projecto é da dupla de arquitectos Aires Mateus, encarregue de um outro edifício ali perto, a sede da EDP no Aterro da Boavista, cuja construção também ainda não arrancou. "A viabilidade do projecto do mercado não está de forma nenhuma posta em causa", diz José Sá Fernandes, explicando que cabe também ao concessionário remodelar parte da cobertura do edifício, de forma a melhorar as suas condições térmicas, e pavimentar em lioz a parte do chão que ainda não é em pedra. "Esta é a zona da cidade com maior potencial de crescimento", acredita João Cepeda. "É a nova zona cool e trendy de Lisboa".

"Não há nada mais difícil do que mudar as coisas", declarou o presidente da câmara, António Costa, quando, já lá vai mais de um ano, apresentou os planos de remodelação do mercado - numa referência ao carácter conservador dos portugueses. O tempo parece dar-lhe razão.

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