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Busto de Salazar criado pelo escultor David Oliveira de Santa Comba Dão e fotografado em 2007

Busto de Salazar criado pelo escultor David Oliveira de Santa Comba Dão e fotografado em 2007 Adriano Miranda

Vamos beber «Memórias de Salazar»?

Por Fugas/Lusa

Um vinho baptizado de "Memórias de Salazar" deverá ser o primeiro produto saído do projecto da autarquia de Santa Comba Dão de tornar marca registada o nome do antigo Presidente do Conselho.

António de Oliveira Salazar nasceu no Vimieiro, a 28 de Abril de 1889, onde está também sepultado, mas a ideia de recorrer à "marca Salazar" para o desenvolvimento do concelho, como explicou à Lusa o presidente da autarquia, João Lourenço (PSD), "não pretende alicerçar-se no saudosismo nem nas romarias da saudade" em relação ao antigo ditador.

"A nossa é sempre uma perspectiva objectiva e histórica, porque os juízos de valor não têm de ser feitos pela autarquia, têm de ser as pessoas, os historiadores, os investigadores [a fazê-los]. Nós temos apenas de demonstrar a nossa convicção de que o que estamos a fazer é útil para o concelho e para a região", disse o autarca.

O primeiro produto a ser lançado sob a chancela deste projecto já está decidido: "Se temos um vinho "Memórias de Salazar" é porque sentimos que as pessoas procuram essa ligação quando nos visitam", explicou. O vinho deverá ser lançado por volta do Verão.

Este e outros produtos serão promovidos pela Associação de Desenvolvimento Local (ADL) de Santa Comba Dão, entretanto cirada. O objectivo é "ligar um nome conhecido em todo o mundo aos produtos da terra", como é o caso do vinho, criar condições para historiadores e investigadores poderem estudar o Estado Novo e fornecer aos visitantes um espaço que lhes permita contactar com o passado de Oliveira Salazar na sua terra". 

A ADL deverá também "procurar investidores" para o "desenvolvimento integral da ideia", que inclui a "recuperação da área urbana do Vimieiro ligada ao património que pertenceu a Salazar e espaço envolvente".

A criação da marca Salazar já se encontra envolta em polémica e críticas. António Vilarigues, dirigente do núcleo local da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses, lamentou que a autarquia prossiga na ideia de recorrer à "realidade trágica" do Estado Novo, "que conduziu à detenção de milhares de portugueses e à morte de centenas", para alicerçar o desenvolvimento do concelho. "Este revisionismo histórico é uma ofensa a milhares de portugueses que sofreram às mãos de Salazar", afirmou Vilarigues.


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