Abrilhantado uma vez mais pelo cantor Tony Carreira, o evento está marcado para 16 de Junho e propõe-se transformar o local numa quinta gigante, com canteiros de produtos hortícolas e animais. A organização está a cargo dos supermercados do grupo Sonae, de que o PÚBLICO faz parte, em conjunto com a Câmara Municipal de Lisboa e a Confederação dos Agricultores de Portugal.
Trata-se da terceira edição do megapiquenique, que começou no Parque Eduardo VII em 2010 e se realizou no ano passado na Avenida da Liberdade. Os constrangimentos do trânsito a que obrigaram os preparativos do evento no ano passado naquela artéria fizeram chover críticas. Os deputados da Assembleia Municipal de Lisboa rotularam o piquenique de "megaoperação de marketing", por entenderem que serviu mais para promover a marca do que para destacar a produção nacional, como havia sido anunciado. E aprovaram uma moção acusando a autarquia de "secundarizar os interesses da cidade em prol do impulso publicitário a uma marca".
Já o vereador dos Espaços Verdes, José Sá Fernandes, preferiu destacar as contrapartidas dadas pelo Continente ao município no âmbito da iniciativa: arranjo dos jardins da avenida e entrega de cinco toneladas de produtos frescos a instituições de solidariedade.
A realização do piquenique deste ano na praça mais nobre de Lisboa promete voltar a dar que falar. "Não é assim que se aproxima o campo da cidade", observa o arquitecto paisagista Ribeiro Telles, que apoiou a candidatura de Sá Fernandes à Câmara de Lisboa. "Este tipo de iniciativas só serve para esconder os verdadeiros problemas: o abandono da agricultura, em especial no Norte do país, das terras férteis e o despovoamento das aldeias, bem como a transformação dos terrenos agrícolas em floresta industrial monoespecífica."
O evento tem início marcado para as 10h, prolongando-se até às 21h. O anúncio promocional do piquenique mostra patos, porcos e pessoas envergando trajes regionais a desembarcarem num cacilheiro no Terreiro do Paço.