O programa Allgarve acabou sem apelo. Vai ter um sucedâneo, mais limitado, mas com a "correcção" ortográfica do nome que se confundia com a própria identidade da região. Muda a escrita, as cores, mas principalmente o conteúdo, que passa a ser mais pobre.
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"Não nos vamos resignar, como alguns gostariam", diz o presidente do Turismo do Algarve, António Pina, prometendo uma alternativa "100 por cento Algarve", produzida na região, para substituir o conjunto de eventos, lançados há seis anos, pelo então ministro da Economia para valorizar a oferta turística e cultural da região. O calendário de animação previsto para o Verão baseia-se essencialmente na compilação dos eventos que já existiam, produzidos pelos municípios.
O programa passa a designar-se Algarve com Eventos, dispensando os grandes concertos. António Pina defende que este é "um programa que pretende valorizar as nossas coisas". O Festival do Marisco, em Olhão, ou o Festival da Sardinha, em Portimão, continuam na agenda dos "sabores", mas também a concentração internacional de motos em Faro tem direito a entrar no capítulo da diversão. A encenação e o "glamour" das festas que marcaram as primeiras edições do Allgarve desaparecem do palco, por falta de financiamento.
Jazz e Festival Med
Os eventos mais próximos, ainda com alguma aura do passado, são o Festival Internacional de Jazz, a 27 e 28 de Julho, em Loulé, e o Festival Med, a 29 e 30 de Junho, na mesma cidade, com a estreia mundial do projecto de Tradicional World Music A Curva da Cintura, com Arnaldo Antunes, Toumani Diabaté e Edgard Scandurra. Mariza dá um concerto em Vila Real de Santo António, a 28 de Julho, no mesmo dia em que Ivete Sangalo actua em Portimão.
Albufeira, a cidade tida com a capital do turismo, quase desapareceu do mapa de animação. O presidente da câmara, Desidério Silva, justifica que investiu em eventos "quando tinha condições para o fazer". No contexto actual, enfatiza, "a minha prioridade é ter as ruas e as praias limpas, e garantir os serviços básicos".
A proposta do Turismo do Algarve "com eventos" reduz-se essencialmente à animação e deixa cair as iniciativas culturais, viradas para clientelas mais exigentes. "Temos que nos cingir aquilo que temos, mas faremos com muito orgulho e sem envergonhar ninguém", sublinha António Pina. A razão da quebra da programação é justificada pelos cortes orçamentais. A Entidade Regional de Turismo sofreu uma redução de 30 por cento — dois milhões de euros —, relativamente à transferência das verbas provenientes do orçamento de Estado. Por outro lado, o Turismo de Portugal comparticipava no programa Allgarve com dois milhões de euros e agora deixou de subsidiar estes eventos. O Algarve, realça o folheto do Turismo do Algarve, é "conhecido por todos pelas suas praias, paisagens naturais, pelos seus bares e campos de golfe". E ainda, salienta, "pelos seus restaurantes, hotéis, monumentos e, claro, pela sua animação".
António Pina reconhece que o programa deste ano é mais modesto, mas mesmo assim conseguirá projectar a imagem da região. "Vamos distribuir 50 mil folhetos pelos postos de turismo e no estrangeiro — Espanha, Inglaterra e Alemanha — através das agências de comunicação. Pode não ser a melhor coisa do mundo, mas é nosso", sublinha.
Desde há dois anos que o programa Allgarve, deixou de ser dirigido a partir do Ministério da Economia, passando para a direcção da Entidade Regional de Turismo. O coordenador do programa, Augusto de Miranda, afastou-se a 31 de Dezembro do ano passado.
Actualização 22.06.2012: correcção das datas do Festival Med, que ocorre a 29 e 30 de Junho