O novo troço Oriente/Aeroporto entrou em funcionamento esta terça-feira, passando a linha vermelha a contar com três novas estações: Moscavide, Encarnação e Aeroporto. Da Portela passa a ser possível chegar ao Parque das Nações em cinco minutos e ao Saldanha em 16.
Para a decoração da nova estação Aeroporto, foram escolhidas 53 figuras de relevo da história e cultura portuguesas, retratadas pelo cartoonista António Antunes. Os desenhos a preto e branco brilham e destacam-se nas paredes beges ainda imaculadas. "Os desenhos são em pedra cortada a laser, com mármores preto e branco incrustados em pedra lioz. Mas brilham tanto que as pessoas até pensam que são de plástico. Pedi à empresa que o mármore fosse o mais liso possível para interferir menos no desenho", explicou António em entrevista ao PÚBLICO. "Deixei de lado a crítica e estas são caricaturas simpáticas, sobretudo de homenagem a gente que nos marcou", diz.
António admite que seleccionar figuras que retratem a cidade nem sempre "gera consenso", mas garante que "as pessoas que estão aqui foram o resultado de escolhas, de equilíbrios e de limitação de espaço".
Ao todo são 53 figuras em 52 imagens (Gago Coutinho e Sacadura Cabral que fizeram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul aparecem juntos). Fernando Pessoa, Amália Rodrigues, Eusébio, Carlos Lopes, Amadeo de Souza-Cardoso, Sá Carneiro, Paula Rego, Mário Cesariny, Duarte Pacheco, Carlos Paredes, Raul Solnado, David Mourão-Ferreira, Sophia de Mello Breyner, Maria João Pires e Vergílio Ferreira são alguns dos exemplos.
"Foi um grande desafio largar o centímetro e passar para o metro", brinca o cartoonista enquanto aponta para vários personagens do seu "jornal de pedra". "Estou convencido de que esta exposição vai abrir o caminho a outras coisas. Prova-se aqui que a caricatura pode animar condignamente um espaço público", defende António Antunes, adiantando que já tem tido alguns contactos estrangeiros para eventual replicação da ideia.
Sobre os cartoons preferidos diz que Carlos Paredes, Viera da Silva, Amália e Fernando Pessoa foram mais exigentes "por ser necessário encontrar um caminho não tão idêntico" a outros já existentes.
A estação de metro Aeroporto
O projecto de arquitectura é da autoria do de Leopoldo de Almeida Rosa. Nos tectos, simulando o céu, foi adoptado o azul claro. Nas zonas de circulação de público foi aplicada pedra de Lioz em pavimentos e paredes, azul Valverde em escadas, "pedras cuja aparência pretendem dar a noção das várias tonalidades da terra", informa o Metropolitano de Lisboa. Em alusão ao aeroporto, referem, as aberturas em elipse, no átrio superior, referem-se à forma de reactores, as estruturas metálicas nas abóbadas do cais à estrutura base que compõem as aeronaves e até os deflectores de luz que as unem são uma alusão aos "flaps" das asas de um avião.
Informações: abre às 06h30, fecha à 01h. Site: Metropolitano de Lisboa