Aranka van der Pol, jornalista holandesa, e o seu cão japonês Ki chegaram a 15 de Novembro ao Algarve. Nada de especial nesta notícia, não fosse o facto de terem viajado, ao longo de três meses pelas estradas da Europa, num tuk-tuk eléctrico. Um tributo às energias renováveis e ao turismo sustentável.
Pub
Três meses e 3500 quilómetros depois de ter iniciado a sua aventura em Amesterdão, Aranka van der Pol aportou em terras algarvias, numa quinta de turismo rural, em Boliqueime, concelho de Loulé. À chegada, pais e amigos aguardavam-na de sorriso — e uma garrafa de vinho tinto — aberto.
Ainda bronzeada, a jovem, de 34 anos, brindou à aventura: “Estou feliz”, confessou, numa roda de admiradores, recordando os tempos difíceis. “Tive dificuldade em encontrar hotéis, em França, onde pudesse ficar com o cão”, disse aos jornalistas, lembrando que o animal, de dois anos, “pula e salta, com grande energia”. Em terras algarvias, no final da maratona, pôs-se a dormir, porventura a sonhar com a “vida de cão” que passou num veículo, a viajar uma média de 50 -80 quilómetros por dia.
Antes deste projecto, Van der Pol trabalhava no De Telegraaf. Mas, antes de se fazer à estrada, despediu-se daquele jornal e passou a exercer a profissão como freelancer, dedicando-se agora a escrever sobre gastronomia e viagens. “Descobrir como viajar de forma mais sustentável” foi o desafio que lançou a si própria.
A ideia subjacente à iniciativa foi fazer do tuk-tuk — uma espécie de triciclo motorizado muito usado na Índia e Sudeste Asiático — um meio de transporte citadino para passeios turísticos, que, aliás, já se viu por Lisboa, Coimbra ou Porto.
Pelo Porto de tuk-tuk
Ainda antes de Van der Pol fazer a ligação Amesterdão-Boliqueime de tuk-tuk, Thierry Bonnefille criava no Porto uma empresa que faz uso destes veículos para dar a conhecer a cidade aos turistas. O empresário importou para Portugal os tuk-tuk tailandeses, montados na Holanda, e tem a funcionar, desde a Primavera, a empresa Tuk-Tuk Tour Porto – quatro veículos, com um motorista/guia (cada viagem, com a duração de uma hora, custa 10€ por pessoa).
Mas o projecto da jornalista holandesa foi seguido de perto por Bonnefille e também serviu de pretexto para este relançar a sua empresa. “Estamos a efectuar contactos para fabricar o tuk-tuk em Portugal”, revelou. O local da fábrica, a desenvolver em parceria com uma empresa portuguesa, adiantou, “deverá ser em Vila Nova de Gaia ou no Porto”.
Thierry Bonnefille elogia a viagem de Aranka pelo que representa “a favor da energia verde” e da necessidade de introduzir uma nova forma de encarar a mobilidade nas cidades. “Este é um meio de transporte de futuro nas cidades.” Um tuk-tuk de três passageiros (como o de Aranka), vendido por esta empresa, custa 13.500 euros, podendo chegar aos 16.500 euros, se for para seis passageiros. De futuro, o empresário pretende construir um destes veículos para vendedores ambulantes, montado em Portugal e equipado com painel solar: “ Destina-se a pessoas que queiram criar o seu próprio emprego: dá para vender cerveja, gelados, andar de praia em praia.” O preço rondará os 20 mil euros.
Enquanto Bonnefille faz planos para a sua empresa, Aranka van der Pol vai ficar uns dias no Algarve, na Quinta da Cebola Vermelha, a reflectir sobre os seus próprios planos: um livro que irá escrever sobre a viagem que fez desde a Holanda até Portugal.
As histórias dos povos que conheceu e fotografou ficarão para revelar nessa obra, que só começará a ser escrita quando regressar a Amesterdão.
Deixa, porém, antever a imagem com que fica de Portugal: "Fui muito bem recebida", disse, agradecendo a hospitalidade e o apoio do Turismo de Portugal. Só uma coisa não correu como o previsto – escondeu-se o sol, caiu a chuva.