Tudo começou com os rótulos. "O primeiro rótulo [dos Chocolates para Turistas] da Regina que comprei foi na Feira da Ladra", conta Catarina Portas, das lojas A Vida Portuguesa. Mais tarde, encontrou outro numa exposição da colecção da Maria Proença, no Centro de Artes Culinárias, no Mercado de Santa Clara, em Lisboa, e, finalmente, descobriu que a sua amiga e olisipógrafa Marina Tavares Dias tinha na sua colecção vários destes rótulos dos anos de 1930 e 1940.
São imagens de glamour de turistas nas praias da Costa do Sol, algumas delas assinadas pelo aguarelista Alfredo de Morais (1872-1972). Catarina levou-as à Imperial, actual proprietária da Regina, e propôs-lhes uma parceria.
Os responsáveis da Imperial gostaram da ideia, e o resultado são três tabletes de chocolate que recuperam as imagens dos anos de 1930 e 1940 - uma tem uma vista do Estoril (e é da autoria de Alfredo de Morais), outra tem uma banhista, e a terceira, um casal a conversar encostado à amurada de um barco.
"Era o tempo em que o Estoril estava a lançar-se como destino turístico e a tentar construir a sua fama lá fora" - e daí as imagens de destino paradisíaco. E porquê um chocolate para turistas? Catarina não tem uma explicação, mas recorda que viu um outro chocolate com essa designação numa chocolataria em Nápoles, o que a leva a pensar que poderá ter sido uma moda em alguns países. A embalagem diz "delicioso chocolate confortável para os turistas". Será por ser em forma de tablete?, interroga-se.
Por esses anos, a fábrica da Regina, em Alcântara, vivia um período áureo, e a marca gozava de enorme prestígio. A fábrica acabaria por falir e fechar nos anos de 1990 (sendo mais tarde comprada pela concorrente Imperial, actual líder de mercado), mas o prestígio não se perdeu.
"É uma marca tão forte na cabeça das pessoas que quando a Imperial começou a reeditar os produtos Regina, em poucos anos estes passaram a representar 50% das vendas", conta Catarina. "E as pessoas lembram-se até de produtos que nunca existiram. As amêndoas da Páscoa da Regina, que são um sucesso de vendas, são um produto novo, mas as pessoas dizem ‘ai que bom, voltaram as amêndoas da Regina'".
O acordo agora estabelecido entre A Vida Portuguesa e a Imperial prevê que os Chocolates para Turistas não sejam comercializados pela grande distribuição. Serão vendidos em confeitarias, lojas em locais turísticos, A Vida Portuguesa e os Quiosques de Refresco, que também pertencem a Catarina Portas. O preço de uma caixa de três tabletes é 10 euros.