A reabertura da Ribeira das Naus oferece a Lisboa um novo espaço de lazer à beira-rio, incluindo uma rampa que evoca uma antiga praia.
Pub
A frente ribeirinha de Lisboa encheu-se no sábado de manhã de notáveis e cidadãos anónimos que não quiseram perder a reabertura da Ribeira das Naus.
Embora a segunda fase da requalificação deste espaço já decorra, peões e ciclistas podem usufruir deste novo passeio e de uma convidativa rampa, de ligação ao Tejo, que evoca uma praia que existiu no local.
O presidente da Câmara de Lisboa frisou que, com a obra agora concluída, fica restabelecido, “com dignidade”, o percurso entre o Cais do Sodré e o Terreiro do Paço, permitindo a fruição deste espaço por peões e ciclistas. Mas, como fez questão de dizer António Costa, “todos têm direito à vida” e, por isso, os automóveis não foram esquecidos e podem agora circular numa nova avenida, paralela ao rio e com uma via em cada sentido.
“É uma obra que valoriza a cidade e certamente o papel da Marinha na cidade”, defendeu o autarca. A fase seguninte dos trabalhos, que arrancou esta segunda-feira, inclui a reposição da Doca da Caldeirinha e da Doca Seca e a criação de uma área ajardinada que vai recriar as antigas rampas de varadouro. Acções que, na opinião de António Costa, “valorizarão todo este espaço do ponto de vista museológico e da recriação daquilo que foi o contributo único da Marinha Portuguesa para os Descobrimentos e para toda a gesta marítima portuguesa”.
“Este lugar era uma área industrial e é importante mostrar esse uso que foi dado ao território e enfatizá-lo”, disse por sua vez o vereador da Reabilitação Urbana, Manuel Salgado. “Será uma área de lazer onde ficarão marcadas, com a reposição a descoberto, as estruturas que estiveram na sua origem”, explicou.
Para o vereador, a requalificação da Ribeira das Naus, projectada pelos arquitectos paisagistas João Nunes e João Gomes da Silva, deve ser vista como “mais uma peça do puzzle” que é a frente ribeirinha de Lisboa, com 19 quilómetros de extensão.
O terminal de cruzeiros de Santa Apolónia e a requalificação do Campo das Cebolas (ambos a desenvolver de acordo com projectos do arquitecto Carrilho da Graça), são outras das peças que a Câmara de Lisboa quer concluir.
A esse propósito, Manuel Salgado deixou um aviso: “Projectos desta dimensão de transformação da cidade não são compatíveis com os ciclos políticos. Tudo isto precisa de tempo para ser feito”.