"Uns portugueses tinham comprado este prédio para fazer 'condos' [unidades em condomínio]", conta-nos Dionísio Pestana, o presidente do grupo Pestana, à sombra de um recanto no pátio da piscina do seu novíssimo hotel, o Pestana South Beach, inaugurado esta segunda-feira no coração de Miami Beach. Em 2008, "quando viemos cá com um agente", recorda, "nem sabíamos quem eram os proprietários. Gostámos imenso do prédio e depois, mais tarde, quando entrámos em contacto com os proprietários é que descobrimos que era um empresário do Norte [de Portugal]". Coincidências lusas que, por fim, deram origem ao primeiro hotel Pestana nos EUA, um mercado que ainda não tinha visto a insígnia de nenhuma grande cadeia hoteleira portuguesa no seu território.
A escolha de Miami em detrimento de outras hipóteses americanas deveu-se ao facto de, sublinha Dionísio Pestana, "Miami ter muita procura". "É uma grande capital do turismo, com uma ocupação hoteleira altíssima."
O novo hotel Pestana South Beach, a dois passos dos epicentros da vida de Miami Beach, é um "boutique hotel" (considerado de quatro estrelas) desenvolvido a partir de um edifício art déco, histórico e protegido que foi recuperado (a fundo, até porque pelo meio sofreu um incêndio) e que, aliás, já estava a funcionar em regime de "soft opening" desde Fevereiro. "Um investimento de cerca de 20 milhões de euros", refere o responsável, salientando que se pretende apostar na conquista dos hóspedes norte-americanos. A estes seguem-se os brasileiros - uma comunidade turística de força em Miami - e os portugueses.
Com uma fachada cinematográfica vintage - como todas as do protegido Art Déco District de Miami -, reparte-se por quatro edifícios, oferecendo um ambiente "rétro beach" que casa na perfeição com os sinais e espírito da sua arquitectura - que obrigam a sobriedade nas cores e decorações para que os detalhes arquitectónicos sobressaiam e sejam os verdadeiros pontos de atracção. Entre a branquidão geral e obrigatórias cores leves, é todo passado à informalidade e limpeza global do design. Pelos diferentes espaços, fotografias históricas de vida balnear sublinham o mote rétro.
Além de 97 quartos e suites, oferece ainda dois luxuosos apartamentos de dois quartos. A marcar a vida do hotel, um café com esplanada, jardim-lounge e, claro, a piscina em pátio central para refrescar dos calores tropicais de Miami.
O hotel fica a poucos minutos da Ocean Drive, a dinâmica avenida balnear de South Beach, do Miami Beach Convention Center ou da Lincoln Road e ruas adjacentes - centros imparáveis de compras, restauração e animação ao ar livre. Uma noite no novel Pestana custa desde cerca de 200€ (há promoções para a época baixa que aí vem desde cerca de 140€).
A inauguração do hotel de Miami é uma festa 2-em-1, que envolve grande parte da família Pestana, além de, claro, outros convidados: é o dia em que Dionísio Pestana, que criou e preside o grupo há mais de quatro décadas, celebra 61 anos. "Uma festa familiar para um grupo familiar?". "Exactamente", sorri o empresário.
Pestana no mundo
Miami é só mais uma viagem no ritmo da internacionalização do grupo. É o terceiro hotel fora de Portugal que abre em cerca de cinco meses, depois de hotéis na Colômbia (Bogotá) e Marrocos (Casablanca). "De há dez anos para cá, a nossa prioridade é a internacionalização", sublinha Dionísio Pestana. Com o South Beach, o grupo soma 25 unidades fora de Portugal (15 no Brasil).
E mais mundo virá, avança Dionísio Pestana, que confessa "o desejo" de um dia ver um Pestana em Nova Iorque. Entretanto, poderão avançar por mais Américas ("estamos a estudar as outras capitais sul-americanas") depois de Espanha (Madrid, Barcelona), Amesterdão ou Paris. O mercado internacional já responde por cerca de 40 por cento dos lucros globais, adianta Dionísio Pestana. "Não se pode pôr todos os ovos no mesmo cesto", aconselha.
Em Portugal, os grandes projectos, nos próximos tempos, passam pela abertura do Colombo's Resort em Porto Santo, "já este Verão", pelo início das obras da Pousada de Portugal no Terreiro do Paço alfacinha - "deve estar pronta em menos de dois anos" - e pela "duplicação" do hotel na Ribeira do Porto, graças à compra de prédios contíguos.
