Durante cerca de uma hora os participantes fazem uma viagem a finais do século XIX, visitando os locais que Eça de Queiroz retrata no seu livro O Crime do Padre Amaro. Trata-se de mais uma rota histórica e literária que a Câmara Municipal de Leiria acaba de criar, com vista a convidar as pessoas a percorrerem a zona histórica da cidade.
Gonçalo Lopes, vereador da Cultura, está convicto de que aquela rota será um novo produto turístico que atrairá mais pessoas a Leiria. Salientando que a aposta da autarquia é "afirmar Leiria na vertente cultural e literária", o vereador refere que "o desenvolvimento económico da cidade passa, cada vez mais, pelo desenvolvimento turístico".
A visita tem início no Largo do 5 de Outubro de 1910, junto à entrada da Praça de Rodrigues Lobo, onde se recua a 1870, ano em que Amaro, o personagem principal da obra, foi nomeado pároco da Sé e onde Eça de Queiroz descreve as pessoas que frequentavam a então Praça de S. Martinho e os comentários em relação a um eventual envolvimento entre o Padre Amaro e "Ameliazita".
A Rua de Afonso de Albuquerque, a Rua da Misericórdia, a Travessa da Tipografia, o Largo da Sé e a Casa do Sineiro, junto à torre que dá acesso ao Castelo de Leiria, são os restantes pontos da cidade de Leiria onde se desenrola o romance entre Amaro e Amélia, que integram a Rota d' O Crime do Padre Amaro.
Reconhecendo a importância da obra de Eça de Queiroz para Leiria, Gonçalo Lopes considera que aquela pode ser encarada como uma oportunidade de negócio, dando o exemplo da criação de um restaurante ou bar temático. Ou mesmo a criação de merchandising alusivo à obra. Propostas que o autarca pretende, em breve, apresentar a potenciais parceiros.
"Estes produtos turísticos contribuiriam para alavancar o centro histórico de Leiria, que tem como principais factores de atracção o Centro Cívico - Praça de Eça de Queirós, o Castelo, a Sé e a Praça de Rodrigues Lobo", diz o vereador.
A rota queirosiana junta-se à Rota dos Escritores, também promovida pela Câmara Municipal de Leiria, com o objectivo de homenagear os escritores Francisco Rodrigues Lobo, Acácio Paiva e Afonso Lopes Vieira, que nasceram na cidade, assim como Eça de Queiroz e Miguel Torga, que ali viveram.
As rotas poderão ser visitadas de forma guiada por técnicos da autarquia, ou percorrendo a sinalética específica instalada nos diversos pontos da cidade. Os visitantes poderão, ainda, descarregar uma aplicação para smartphone que dá acesso a toda a informação, através de um áudio-guia.
Entretanto, a autarquia está a desenvolver um projecto que permitirá, a partir de 2014, que aquela rota seja encenada por uma companhia de teatro local.