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Paquete «Funchal» renasce e volta a navegar

Por Luís J. Santos

Depois de quase três anos de paragem e destino incerto, mudança de proprietários e renovação integral, o histórico paquete português, com mais de meio século de história, regressa ao mar sob a chancela da nova empresa portuguesa de cruzeiros, a Portuscale Cruises.

O emblemático “Funchal”, estreado em 1961 e considerado o último sobrevivente da frota de paquetes portugueses, continua a dar provas da sua resistência: depois de uma renovação por dentro e por fora, é apresentado ao público esta quinta-feira, 1 de Agosto, no estaleiro Naval da Rocha, em Lisboa. Na terça-feira seguinte, volta a sulcar as ondas numa Grande Viagem Inaugural, com partida de Lisboa rumo aos mares do Norte – para Setembro, tem já viagem marcada aos Açores.

O novo “Funchal”, com 244 camarotes, é definido como "um navio de linhas clássicas com um perfil elegante, dotado de um charme reconhecido", oferecendo "decks amplos e abertos e com um ambiente intimista para os verdadeiros ‘amantes’ dos cruzeiros e do mar". A sua "elegância e glamour foram enaltecidos", sublinha-se na descrição do navio, incluindo "emblemático e reconstruído Porto Bar e Gama Lounge, piscina e bar exterior, novos e melhorados sundecks, zona de lazer e shopping".

“Objecto de uma total reconstrução”, esta "verdadeira jóia da coroa da Marinha Mercante nacional", como frisam, é a estrela da nova companhia de cruzeiros portuguesa, Portuscale Cruises, criada pelo empresário Rui Alegre a partir da aquisição do velho “Funchal” e de mais três navios à desaparecida Classic International Cruises – estes, passam por um processo de renovação e também de rebaptismo: “Açores” (ex-“Athena”), “Porto” (ex-“Arion”) e “Lisboa” (ex-“Princess Danae”).

A Grande Viagem Inaugural do “Funchal” é mesmo em grande: depois de sair de Lisboa a 6 de Agosto, só tem regresso marcado ao mesmo porto para 20 de Setembro - com passagem na ida e na volta pelo porto de Leixões. São 46 dias, prometem, "numa viagem inesquecível” até ao “ponto mais a norte da Europa, Fiordes da Noruega e pelas Terras Altas da Escócia". A viagem reparte-se por vários percursos, ainda com reservas abertas para cada um (excepto o inicial): Lisboa - Gotemburgo (10 dias), Cabo Norte (12 dias, 16 a 27/08, desde 1700€), Fiordes da Noruega (7 dias, 27/08 a 2/09, desde 1020€), Escócia (8 dias, 2 a 9/09, desde 1150€), Rota dos Vinhos (Inglaterra, França, Espanha, Portugal, 9 a 20/09, desde 990€). Depois, há viagem aos Açores com saída de Lisboa (20 a 29 de Setembro, desde 1100€), com passagens por Santa Maria, São Miguel, Horta e Terceira, e um cruzeiro inspirado na dança (Mónaco - Lisboa, 16 a 25 de Outubro, desde 390€). Mais programas deverão ser revelados em breve, sabendo-se que a cidade do “Funchal” que dá nome ao paquete deverá ser incluída num itinerário; "será a cereja ‘no topo do bolo’ do ano de 2013", refere a empresa no seu Facebook oficial.

O renascido navio inclui dois restaurantes (Lisboa e Coimbra) - em que a gastronomia portuguesa estará em destaque -, deck buffet, Show Lounge (salão Ilha Verde), discoteca, bares (Porto, Havana Cigar Club, Gama Lounge, Lido Bar), casino, centro de beleza e bem-estar, ginásio, centro comercial e biblioteca, além de centro médico. A animação em alto mar pode passar por torneios desportivos, aulas de ginástica ou dança, workshops e provas de vinhos; para os mais novos, estão também reservadas várias actividades (de caças ao tesouro a pintura), incluindo-se o Iteen Room, repleto de atracções juvenis.


“Funchal”, mais de meio século de história

A longa história do navio dava mais que um filme. Foi construído em 1961, na Dinamarca, transportando passageiros, correio e carga entre o continente, Madeira e Açores. Modernizado nos anos 1970, acabaria por ser transformado em navio de cruzeiro. Na década de 1980, foi vendido em leilão pela Companhia de Transportes Marítimos ao armador grego George Potamianos, que tinha uma verdadeira paixão pelo navio. O empresário tornou o “Funchal” estrela da sua companhia de cruzeiros, a Classic International Cruises. E assim o paquete foi transportando milhares de turistas pelos mares e marcando o imaginário cruzeirista de muita gente.

Já em Setembro de 2010, encostou ao Cais da Matinha para ser alvo de uma renovação e adaptação a novas directivas internacionais (Convenção Solas) que passaram a proibir o uso de materiais combustíveis em navios de cruzeiro. Seria só mais uma (grande) modernização mas os problemas acumularam-se, sofrendo o projecto de um “Funchal” para o séc. XXI um sério revés com a morte de Potamianos em Maio de 2012. Os problemas financeiros da companhia acumularam-se e o “Funchal” acabaria com os restantes navios da CIC Cruises arrestados nos portos de Marselha e Kotor (Montenegro).

Foi então que Rui Alegre entrou em cena: adquiriu os navios, iniciou o processo de remodelação – um projecto de renovação global que no conjunto deverá orçar em cerca de 20 milhões de euros, referiu o empresário à Infocruzeiros – e criou a Portuscale Cruises.

A história do "Funchal" foi particularmente acompanhada e detalhada pelo historiador naval Luís Miguel Correia, autor de uma resenha sobre o meio século de vida do paquete. 

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